Os jornais de hoje começam a ventilar a possibilidade de Lula tomar “medidas duras” na economia, para poupar Dilma de um desgaste logo no início de seu governo.
O cardápio a ser servido antes do Natal incluiria corte de gastos, revisão do orçamento de 2011 e redução da meta de inflação para 4% ou menos.
No início do ano, os jornalistas que cobrem os chamados “bastidores” informaram que Dilma havia rispidamente descartado uma proposta mais ou menos nessa linha que lhe apresentara Palocci .
Com Lula se dispondo a assumir o custo político e Palocci de volta ao primeiro plano, as peças aparentemente se encaixam.
O que precisa ser visto é se, uma vez decretado esse ajuste natalino, Lula vai dar por cumprida a sua tarefa, ou vai continuar tutelando a presidente-eleita .
Esta será uma das principais, se não a principal, questão institucional e política dos próximos anos.
Ninguém acredita, nem se ele jurar de pés juntos, que Lula vai vestir seu pijama e ficar quieto. É óbvio que ele vai continuar falando pelos cotovelos. Mesmo limitada a eventuais entrevistas e declarações, sua atuação sempre embutirá dificuldades e riscos para o novo governo, dado o peso político de Lula e a peculiar origem da candidatura Dilma.
Mais que tutelar, há quem acredite que Lula pretenderá de fato mandar no governo Dilma. A recomendação de manter no governo os ministros Mantega (Fazenda), Meirelles (Banco Central), Jobim (Defesa) e Haddad (Educação) seria o primeiro passo nessa direção.
Há também quem diga o oposto, isto é, que Lula manterá uma estudada distância em relação à sua pupila. Já se preparando para voltar em 2014, ele não se deixará contaminar pelo inevitável desgaste dela ; inevitável, desde logo, em vista da popularidade estratosférica de Lula.
Excusado lembrar que tudo isso é especulação. Lula continua presidente, Dilma Rousseff ainda nem tomou posse.
Hipóteses como essas que alinhavei acima cumprem, quando muito, uma função de mapeamento inicial do novo terreno político.
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