Londres recebe voos internacionais por dois dos mais modernos e eficientes aeroportos da Europa. Juntos, Heathrow e Gatwick têm um trânsito superior a 100 milhões de passageiros por ano – e as filas diante dos guichês de embarque são tranquilas como as que se formam diante dos carrinhos de pipoca nos parques infantis, quando comparadas às de qualquer aeroporto brasileiro.
Mesmo assim, ao desembarcar ontem na capital inglesa, onde cumprirá agenda oficial e assistirá à abertura dos Jogos Olímpicos, amanhã, a presidente Dilma Rousseff e sua comitiva utilizaram o aeroporto de Farnborough.
Trata-se de um terminal privado supermoderno, destinado a voos executivos e com capacidade para receber aviões de grande porte, como é o caso do Airbus da FAB que serve à Presidência da República.
Cabe aqui a mesma pergunta que tem sido feita diante de qualquer probleminha detectado em Londres: e se fosse no Rio de Janeiro?
Bastaria esse exemplo para calar de uma vez por todas as pessoas que insistem em apontar as eventuais falhas de infraestrutura registradas em Londres como justificativa prévia para os problemas previstos para o Rio de Janeiro daqui a quatro anos. A condição, o porte e a eficiência dos aeroportos é apenas um deles.
A lista se espalha pelos transportes urbanos, pelas condições de hospedagem e pelas instalações esportivas propriamente ditas. Por toda parte surgem exemplos que reforçam a distância que separa a lógica dos Jogos nas duas cidades.
No caso inglês, Londres é o palco que valoriza o maior evento esportivo do planeta. Já no Rio de Janeiro, o maior evento esportivo do planeta é uma rampa de lançamento (mais uma delas) para a valorização da imagem da cidade.
Seja como for, percebe-se que o Brasil tem amadurecido a cada evento e, de uma forma mais profissional do que fazia, tem aproveitado as oportunidades que se abrem de maneira mais inteligente do que no passado.
A própria agenda da presidente em Londres (que inclui encontro reservado com o primeiro-ministro James Cameron para tratar da crise europeia e de outros temas relevantes) e o trabalho de promoção comercial feito pelo país já dão uma mostra de avanço.
Por sinal, um dos temas centrais da exposição que se realiza na Embaixada Brasileira, no coração de Londres, é a capacidade do país em se sair bem na organização de eventos internacionais.
Mais do que um evento onde se mede o talento e o preparo dos melhores atletas do mundo, as Olimpíadas são uma vitrine poderosa, que permite campanhas de marketing de altíssimo impacto e alcance mundial. Só essa razão já dá a elas um valor destacado quando se trata de negócios.
Por tudo isso, e pela própria força de atração das disputas que transformam o cidadão em torcedor, o “Brasil Econômico” dedicará, nas próximas semanas, duas páginas diárias sobre o evento.
Acreditamos que nosso olhar pode contribuir para que o Rio de Janeiro, nos próximos quatro anos, deixe para trás os problemas de infraestrutura e segurança que ainda preocupam e que, em 2016, seja sede de um espetáculo à altura da grandeza do evento – e que não queira reduzir os Jogos a problemas que já eram conhecidos quando se candidatou a sediá-los.
Fonte: Brasil Econômico, 26/07/2012
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