Pedro Cesar da Costa Junior foi atingido por um tiro na barriga, aos 22 anos, em junho de 2016. Segundo sua mãe, Edileusa da Silva, disse à polícia, Pedro estava na Rua Três, no Caju, Zona Norte do Rio, quando foi baleado por um homem que atirava a esmo. Pedro permaneceu nove meses internado em estado grave no Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, onde morreu em decorrência do ferimento na manhã de 22 de março deste ano.
Segundo dados levantados pelo EXTRA na base do Sistema Único de Saúde (SUS), Pedro foi um dos 1.223 feridos por disparos de arma de fogo internados em 14 hospitais da rede pública na Região Metropolitana do Rio durante 2016. O número é o maior desde 2008, quando começa a série histórica. De lá para cá, a quantidade de internações de baleados aumentou 106%. Nesse intervalo, o único ano que apresentou queda em relação ao anterior foi 2011, quando o projeto das UPPs estava no início, com 18 unidades espalhadas pela cidade — hoje são 39.
Segundo o SUS, internações são casos graves em que, após o atendimento emergencial, o paciente é operado e permanece no hospital.
A unidade que mais registrou internações de baleados foi o Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), com 323 pacientes. Na capital, a unidade recordista foi o Souza Aguiar, onde Pedro ficou internado. Pouco mais de dois dias após a morte do jovem, um tiroteio entre PMs e traficantes no Morro da Providência, no Centro do Rio, acabou com quatro feridos também encaminhados ao Souza Aguiar. Duas pessoas morreram antes de chegar à unidade.
Em média, a duração das internações é menor do que os nove meses que o jovem passou no hospital. Nas 14 unidades incluídas no levantamento, os pacientes passam, em média, pouco mais de oito dias.
Paralelamente à quantidade de internações, o custo com os pacientes aumenta. No ano passado, segundo o SUS, o custo total com internações nos 14 hospitais analisados foi de R$ 1,92 milhão, o maior nos últimos oito anos.
Dados
Para fazer o levantamento, o EXTRA selecionou 14 unidades cujos dados estão disponíveis no DataSUS, o departamento de informática do Ministério da Saúde. Os maiores hospitais da rede pública na capital e municípios vizinhos foram contabilizados. Foram levadas em consideração todas as lesões por projétil de arma de fogo.
Um baleado a cada 2h
Ontem, o EXTRA revelou que, em média, a cada duas horas um baleado dá entrada numa das 12 unidades de saúde do Grande Rio. Em 2016, 4.204 pacientes baleados foram atendidos nos hospitais públicos da Região Metropolitana.
Dobrou
Em comparação com 2015, o número de pacientes atendidos em algumas unidades quase dobrou. No Souza Aguiar, por exemplo, foram 180 pacientes baleados em 2015 e 300 no ano passado. Já no Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, por exemplo, houve um aumento de 77% nos casos: 66 em 2015 e 117 em 2016.
Baixada em crise
A unidade que lidera os casos de atendimentos a baleados no estado é o Hospital estadual Adão Pereira Nunes, conhecido como Hospital de Saracuruna, em Caxias. No ano passado, 658 pacientes feridos deram entrada lá, quase dois por dia.
Internações
Já outro na região, o HGNI, ou Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, é recordista em internações de baleados — casos mais graves em que, após o atendimento emergencial, o paciente fica na unidade. Conforme o Sistema Único de Saúde (SUS), em 2016, de um total 475 baleados atendidos, 323 ficaram internados na Posse.
Pesquisa
O EXTRA teve acesso ao número de atendimentos de baleados em 2015 e 2016 em dez hospitais da Região Metropolitana. No caso de duas unidades — os hospitais municipais Albert Schweitzer e Pedro II —, só dados de 2016 foram disponibilizados. No caso das outras dez unidades, o número de baleados aumentou 23% de 2015 para 2016 — de 3.014 para 3.719. Em casos de mortes de pacientes baleados, o levantamento do EXTRA só levou em consideração as que ocorreram durante internações.
Número é maior
O Ministério da Saúde não forneceu dados sobre baleados em dois hospitais federais: Andaraí e Bonsucesso.
Fonte: Extra
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