Iman Sadighi era estudante da Universidade Industrial de Babol, e membro ativo da Sociedade Islâmica da universidade. Ele está proibido de continuar seu curso e serviu 130 dias na prisão de Babol. Foi acusado de “agir contra a segurança nacional e fazer propaganda contra o regime”.
A seguir, excertos de seu relato sobre o que acontece nas prisões do Irã:
“Fui preso em minha casa, quebraram minha porta, me apontaram uma arma e levaram todo o equipamento eletrônico da casa, assim como meus pertences pessoais e documentos. Fui levado ao ministério de inteligência de Babol e amarrado a uma barra de metal por quatro horas antes de ser interrogado. Após dez dias de interrogatório, fui levado para a prisão de Babol, e 17 dias depois fui solto sob fiança até meu julgamento, que acabou sendo um julgamento público de exibição. Era óbvio que o juiz já tinha se decidido e me sentenciou a dez meses de cadeia. Mais uma vez fui levado à prisão de Babol.
Fomos mantidos junto com criminosos comuns e perigosos, prisioneiros que tinham cometido crimes como assassinato, sequestro, estupro. Havia dez celas naquela ala, e cada cela comportava 15 prisioneiros. Brigas entre prisioneiros e atos homossexuais eram ocorrências diárias. Em um incidente, dois prisioneiros brigaram entre si e um deles arrancou a orelha do outro a dentadas, e depois, para provar o quão perigoso ele era, mastigou e engoliu a orelha.
Em outra ocasião, dois prisioneiros foram acorrentados um ao outro pelas pernas, e levados para o pátio como punição. Um deles teve que executar um ato homossexual no outro e toda vez que ele se cansava e parava, era agredido na cabeça e obrigado a continuar. Outros prisioneiros que observavam apenas torciam e davam risada
Você sentia que não havia mais nada de humanidade dentro da prisão. Em momentos como este, a gente chega a detestar ser um ser humano. A maioria destes prisioneiros estavam sempre tão chapados de drogas que enlouqueceram; eles deveriam estar em hospícios, e não na prisão.
Pedimos às autoridades da prisão que dessem uma ala especial para presos políticos, mas o chefe da prisão disse “não forneço ala especial para contrarrevolucionários”
Um de nossos amigos, Mohsen Barzegar, foi atacado por outro prisioneiro enquanto usava o telefone. Ele teve a garganta cortada, a notícia vazou e finalmente o chefe da prisão concordou em colocar os presos políticos numa ala especial. Essa ala era um lugar decrépito, sem uso há anos. Para começar, havia grandes problemas com higiene básica. Nossas celas estavam infestadas de baratas, às vezes as baratas chegavam a parar em nossa comida. À noite, as baratas entravam em nossas camas e acordávamos com elas rastejando em nossas caras. Além de tudo isso, nossos cobertores estavam infestados de piolhos, e havia ratos que visitavam as celas de vez em quando. Matamos mais de 180 baratas em cinco dias, e lavamos os cobertores, que deviam ter sido lavados pela última vez há mais de dez anos, para tentar melhorar as condições, mas mesmo assim, ainda estávamos melhor que o sr. Ali Tari, o gerente da campanha de Moussavi em Babolsar.
Este senhor de 51 anos estava sendo mantido numa solitária, pequena como um túmulo, por 72 dias. Não há privadas nestas celas solitárias, os prisioneiros têm permissão para usar o banheiro três vezes ao dia, muitas vezes não aguentam esperar pela sua vez e precisam fazer suas necessidades na cela, por isso a ala de solitárias fede a excremento. Este senhor de 51 anos estava sendo acusado de ter usado um spray de tinta sobre o estandarte do Líder Supremo e os agentes de inteligência do ministério ficaram se vangloriando do que tinham feito ao sr. Tari.
Durante meu tempo na prisão, vi um prisioneiro reformista, que tinha servido 8 anos na guerra com o Iraque. Ele teve vários de seus dedos cortados fora como resultado de ferimentos de guerra, e mesmo com seu histórico glorioso foi colocado no mesmo buraco que o resto dos criminosos comuns. Uma coisa é certa, porém: quem cumprir pena nas prisões da República Islâmica nunca mais perdoará este regime.”
Publicado no blog de Potkin Azarmehr
Tradução: Anna Lim (annixvds@gmail.com)
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