Incubadora de Inovações da UTFPR (IUT) – Câmpus Pato Branco divulgou, em maio passado, estudo retratando o impacto da iniciativa para o ecossistema de inovação da região sudoeste do Estado. O relatório revela que, de 1998 a 2017, a IUT teve 78 empresas incubadas e pré-incubadas de base tecnológica. Desse total, 15 empreendimentos foram apoiados em 2017 pelo programa e oito empresas (10,25%) foram graduadas pela incubadora nessas duas décadas e permanecem ativas na região sudoeste do Paraná.
Das oito empresas ativas, três já responderam ao questionário elaborado pela gerência da IUT. E os números preliminares são impactantes: R$ 45,46 milhões em faturamento, R$ 3,45 milhões pagos em impostos, 189 empregos gerados e cinco marcas e patentes registradas, apenas em 2017.
A relação das graduadas tem Sponte (softwares de gerenciamento), CTS Informática (softwares para Fonoaudiologia e Fisioterapia), Softfocus (produtos, serviços e projetos de software), SAG (software de gestão agrícola), Multivia (serviços técnicos em emissoras de rádio e televisão), Inobram (automação agrícola), INteligere Sistemas (softwares para pesquisa) e Gentus (sistemas médicos).
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Atualmente, 14 empresas fazem parte do projeto: dez pré-incubadas no Hotel Tecnológico (HT) e quatro incubadas na IUT. As pré-incubadas recebem o chamado “capital semente”, uma bolsa liberada pela própria UTFPR. As incubadas recebem recursos do Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos (Cerne). Resultado da parceria entre a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e o Sebrae, o Cerne é um modelo de gestão que visa promover a melhoria expressiva nos resultados das incubadoras de diferentes setores de atuação.
Neimar Follmann, diretor de Relações Empresariais e Comunitárias (Direc) da UTFPR – Câmpus PB, acredita que os resultados não devem ser analisados friamente.
“Uma das características dos órgãos públicos é a rotatividade das pessoas, dos gestores. Há 20 anos, eu era aluno. Analisando que são oito empresas graduadas em 78, pode parecer pouco. Mas, os outros grupos podem ter encontrado outras formas de empreender, apenas não conseguimos monitorar. O mais importante é que a incubadora está contribuindo para criar uma cultura empreendedora”, reflete Neimar.
O diretor destaca a relevância dos resultados inicialmente apresentados. “Os números de 2017, mesmo preliminares, são fantásticos. Um ano de impostos (R$ 3,45 milhões) compensa os investimentos de 20 anos, tranquilamente”, calcula. Neimar Follmann ressalta ainda a importância do edital do Cerne na solidificação do processo.
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“A parceria do Sebrae com o Cerne foi outro ponto que nos fez avançar muito no processo de consolidar a cultura empreendedora. Desde 2015, com o edital do Cerne, conseguimos trabalhar fortemente. Gerou-se um movimento muito forte, com recursos para fazer algo diferente, trazer palestrantes e mentores”, completa Follmann.
O consultor do Sebrae/PR, Elizandro Ferreira, explica que os investimentos realizados junto ao Cerne, para as incubadoras, e no edital de Educação Empreendedora, fazem parte do projeto de fortalecimento do ecossistema de inovação. Foram investidos R$ 340 mil nos últimos dois anos, somando os dois editais.
“A incubadora trabalha o desenvolvimento das habilidades empreendedoras nos jovens e proporciona um campo para o surgimento de iniciativas inovadoras. O Sebrae/PR trabalha fortemente nessas linhas e, portanto, é natural que a parceria aconteça”, observa.
Elizandro ressalta que a parceria com a IUT vai muito além do repasse financeiro. “O Sebrae/PR participa das bancas de seleção e mantém contato permanente com a incubadora. Algumas das empresas incubadas também fazem parte de outros programas, como o de startups”, relata.
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O consultor do Sebrae/PR acrescenta que o trabalho é propositivo e voltado para contribuir com o crescimento dos projetos. “Há dois anos, criamos um grupo da rede de incubadoras do Sudoeste, para promover maior interação e ampliar os resultados”, informa Elizandro. Quatro incubadoras integram o grupo: IUT da UTFPR PB, Incubadora Tecnológica de Pato Branco (ITECPB), Associação para o Desenvolvimento Tecnológico do Sudoeste do Paraná (Sudotec), de Dois Vizinhos, e Incubadora de Empreendimentos Inovadores e Tecnológicos (Findex), de Francisco Beltrão.
Dados iniciais
O levantamento em curso, consequência da participação da incubadora no edital Cerne, foi realizado por Geocris Rodrigues dos Santos, gerente da IUT. A Inobram Automações, de Pato Branco, é uma das empresas graduadas que já colaborou com o levantamento. O empreendimento começou em 2004, quando Cleverson Faustino Brandelero e Fernando Gnoatto, acadêmicos do então Cefet, conheceram-se na própria incubadora.
Os dois já trabalhavam em uma indústria de eletrônicos e tinham a mesma intenção: desenvolver soluções para o agronegócio.
“Nosso primeiro produto, que está até hoje no portfólio, foi um sistema de pesagem de aves. Nós passamos por várias fases da incubadora, mas foi importante contar com uma estrutura que potencializa a evolução, com contatos, consultorias, instituições parceiras”, analisa Cleverson Brandelero.
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A importância de ter um ponto comercial (a incubadora, no caso) também é salientada, assim com a oportunidade de participar de eventos e feiras.
“Quando estávamos na incubadora, tivemos a oportunidade de participar de feiras em outros estados. Em uma delas, conseguimos conversar com grandes empresas e fechar novos negócios”, recorda Fernando Gnoatto.
Os sócios consideram 2010 como um marco na trajetória da Inobram, que passou a crescer 35% ao ano. Hoje, a empresa tem 89 colaboradores, 36 produtos (entre hardware e software) e mais de 500 clientes espalhados pela América Latina.
Pré-incubados
No início de junho, Cleverson Brandelero falou sobre os desafios enfrentados pela Inobram em uma mentoria para a Tree Automação, formada por Yascara Fernandes dos Santos e Augusto Miranda, estudantes de Engenharia Elétrica da UTFPR – Câmpus PB, e pelo engenheiro eletricista Marco Guerreiro (também egresso da universidade).
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Instalada no Hotel Tecnológico da IUT, a Tree Automação desenvolve um sistema para irrigação de estufas. A solução visa otimizar a utilização da água, proporcionando a produção de hortifrutigranjeiros (hortaliças e frutas) de melhor qualidade.
“Além de melhorar a produção e dispor corretamente da água, a intenção é proporcionar melhor qualidade de vida aos produtores e, quem sabe, contribuir para manter os jovens no campo”, espera Yascara, que é responsável pela gestão administrativa e financeira da iniciativa.
Os sócios da Tree têm direito a uma bolsa (capital semente) de R$ 4.800,00 (R$ 400,00/mês), paga pela IUT.
“Fizemos o planejamento financeiro antes mesmo de receber os recursos. Como nosso produto é um hardware, queremos construir quatro centrais com o dinheiro e começar a comercializar no final deste ano”, antecipa Augusto.
Os sócios da Tree valorizam a estrutura física disponibilizada pela IUT, mas acreditam que isso não é o mais importante.
“O espaço físico não é o essencial. Mais do que ter uma boa ideia, é importante saber como montar e gerir o negócio. O Cerne tem cinco eixos – Empreendedor, Mercado, Tecnologia, Gestão e Capital – e a incubadora nos prepara para enfrentar os desafios”, conclui Yascara.
Para saber mais sobre o estudo em andamento, basta acessar o site da IUT.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”