Presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, defendeu, em entrevista ao jornal “Diário Catarinense”, que o Brasil crie seus próprios mecanismos de controle em relação à guerra cambial. O empresário cobra processos de eficiência de gestão para todos os setores, inclusive o público.
Leia a entrevista na íntegra:
Por Alesandra Ogeda
Diário Catarinense – Quanto o Brasil deverá crescer este ano?
Jorge Gerdau Johannpeter – Os números que estamos atingindo este ano são muito elevados porque são constituídos sobre patamares baixos. No ano passado, tivemos um crescimento um pouco negativo ou zero. O final de 2008 e o ano de 2009 foram difíceis. Então, os índices deste ano ficarão ao redor de 7% ou 7,5%. Mas são baseados em patamares baixos. A perspectiva para 2011, se tomarmos, agora, os números do terceiro trimestre e as perspectivas do quarto trimestre, são números que tendem para um patamar de 4,5% e 5%. Isso mantém, indiscutivelmente, o processo de economia dinâmica.
Diário Catarinense – O que poderia mudar isso?
Jorge Gerdau Johannpeter – Com o cenário de guerra cambial, temos aí fatores internacionais que não estão nas nossas mãos. Deve-se estar muito atento. O próprio fluxo de capitais internacionais que veio ao Brasil, por exemplo, nos ajuda na deficiência da balança comercial. São números globais, mas que influem e pressionam na valorização excessiva do real.
Diário Catarinense – Na questão cambial, qual seria uma margem adequada de juros para a indústria?
Jorge Gerdau Johannpeter – Eu gosto de olhar para um número absolutamente pragmático que eu acompanho há muitos anos que é o índice Big Mac. Ele (Big Mac) está, no Brasil, 42% mais caro do que nos EUA. O Brasil sempre teve um Big Mac mais barato. Tínhamos ele 20% a 30% mais barato do que o do dos EUA. Então, quando o Big Mac está 40% mais caro, querendo ou não, nós estamos com uma distorção.
Diário Catarinense – O senhor acredita em medidas em comum entre as principais economias mundiais?
Jorge Gerdau Johannpeter – Eu diria que o mundo não tem uma capacidade pronta no sentido de fazer entendimentos globais. Provavelmente, o Brasil vai ter que desenvolver decisões próprias para cuidar dos seus interesses.
Diário Catarinense – O senhor vê um risco de desindustrialização?
Jorge Gerdau Johannpeter – A queda do crescimento do produto industrial, com números estagnados ou tendo um pequeno crescimento, enquanto o resto do país está crescendo de forma significativa, são indicadores de que alguma coisa está acontecendo neste campo. Então, é preciso ter muita atenção e fazer os ajustes para enfrentar estes conflitos. O Brasil é nosso e nós que temos que definir o quanto dinheiro queremos que entre, e não Wall Street.
Diário Catarinense – O senhor defende uma ação mais efetiva no controle dos recursos estrangeiros no país?
Jorge Gerdau Johannpeter – Eu acho que tem que ajustar a taxa de juros. São macrodecisões que o governo já começou a tomar, mas provavelmente terão decisões mais enérgicas, sim.
Diário Catarinense – O senhor tem falado muito das reformas tributária e política. Agora há mais chance delas efetivamente acontecerem?
Jorge Gerdau Johannpeter –Uma reforma global, de uma vez só, acho difícil que aconteça. Eu diria que quando a equação global começa a apertar, o problema toma uma evidência maior, porque quando tudo está andando bem, o pessoal vai aguentando. Mas quando o cenário começa a ter complicações e os limites de competitividade começam a acontecer, os fatores de distorção tributária começam a crescer, a pressão empresarial e da coletividade, os próprios sindicatos de operários começam ver a necessidade e cria-se um consenso social.
Diário Catarinense – Qual deveria ser a base desta reforma tributária?
Jorge Gerdau Johannpeter –Tem que se olhar o que tem no mundo. No mundo não tem cumulatividade. Nenhum dos países que estão ao nosso redor tem um sistema obsoleto como nós temos. Estamos 10 ou 15 anos atrasados.
Confira a entrevista no site do jornal: “Diário Catarinense”
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