O setor financeiro vem passando por uma profunda transformação tecnológica e regulatória nos últimos anos. O avanço de novos “players”, como fintechs, empresas de tecnologia e mesmo companhias de outros setores como varejo e operadoras de telecom, tem chacoalhado o mercado. Para não perder a corrida (e o cliente), os grandes bancos investem em soluções digitais dentro de casa, mas também firmam acordos com as startups.
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O pano de fundo desse cenário é o “open banking”, que evoluirá para open finance, e colocará nas mãos do consumidor final o poder sobre os seus dados.
Entre especialistas e executivos do setor, a avaliação é unânime: o mercado não será mais o mesmo. A competição tende a ficar mais acirrada. E os reguladores – Banco Central (BC), Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Superintendência de Seguros Privados (Susep) – têm incentivado essa agenda, criando novas regulamentações, incluindo o open banking, e estruturas como o chamado “sandbox”, ambiente experimental que busca fomentar a inovação com menor custo regulatório.
Esses e outros assuntos relacionados à nova economia digital serão debatidos em um evento virtual nesta terça-feira, promovido pelo Valor.
No primeiro painel, que começa às 16h e poderá ser acessado pelo canal do jornal no Youtube e Facebook, falarão João Manoel Pinho de Mello, diretor de organização do sistema de financeiro e de resolução do BC, Alexandre Rangel, diretor da CVM, e Reinaldo Le Grazie, economista e ex-diretor de política monetária do BC. Eles irão debater a regulação da economia digital, com mediação do repórter especial do Valor, Alex Ribeiro.
Em seguida, o tema será a transformação digital dos negócios, com participação de Gustavo Chamati, fundador do Mercado Bitcoin e conselheiro do grupo 2TM; Fabio Dutra, sócio da gestora de venture capital Parallax; e Gustavo Gierun, sócio da empresa de inovação Distrito. A moderação é de Fernando Torres, editor do Valor Investe.
A pandemia acelerou a digitalização em várias frentes. Uma amostra foi o crescimento dos pagamentos por aproximação. Em 2020, a modalidade alcançou R$ 41 bilhões, um incremento de 470% em relação ao ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Outro dado reforça a adoção dos canais digitais. Juntos, internet e mobile são responsáveis por 74% das operações bancárias feitas por pessoas físicas, com a liderança do celular, que vem se consolidando como o meio preferido dos brasileiros para as transações financeiras.
Você sabe o que é a Moeda Digital de Banco Central?
Paralelamente a esse movimento, as moedas digitais de BCs (CBDCs, na sigla em inglês) também vêm ganhando atenção de diversos bancos centrais ao redor do mundo. Pesquisa recente do BIS aponta, por exemplo, que 86% dos países estão pesquisando o potencial das moedas digitais soberanas, enquanto 60% já vêm testando tecnologia. Vale lembrar que as CBDCs têm gestão e garantias do Estado e são emitidas pela autoridade monetária de cada país. É uma lógica diferente dos criptoativos, como o bitcoin, que não são regulados por autoridades monetárias.
Por aqui, o BC apresentou na semana passada as diretrizes, ainda preliminares, para o real digital. Segundo o órgão, a previsão é a de que a moeda digital emitida pelo BC seja integrada aos sistemas de pagamentos atuais. O potencial é de aplicação em novas tecnologias, como contratos inteligentes (smart contracts), internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) e dinheiro programável, em novos modelos de negócio, informou a autoridade monetária. Os seminários para debater o assunto devem começar nos próximos meses, segundo informou Fabio Araujo, coordenador do grupo de trabalho sobre a moeda digital do BC.
Fonte: “Valor Econômico”, 31/05/2021
Foto: Reprodução