Privatizar a Petrobras é muito mais uma questão de paciência, do que de indisposição política ou ideológica. A avaliação é de Mansueto de Almeida, ex-secretário de Acompanhamento Econômico do governo Temer e ex-secretário do Tesouro do atual ministro da Economia, Paulo Guedes.
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O importante, segundo Mansueto, é que o tabu de se discutir a privatização de estatais já foi quebrado. Um exemplo é a desestatização da Eletrobras (ELET3; ELET6), prevista para ocorrer no ano que vem.
“Da mesma forma que conseguimos quebrar o tabu da privatização dessa companhia [Eletrobras], na Petrobras, isso também é possível”, afirmou o atual economista-chefe do BTG Pactual (BPAC11), em evento promovido pela gestora Vitreo na última quinta-feira (11), ao qual o Money Times teve acesso com exclusividade.
Segundo Mansueto, a Petrobras está “indo muito bem”. “É só ter um pouco de calma, que ela vai melhorar muito mais e a gente vai conseguir privatizar”.
Durante o evento, o economista afirmou também que entregar a articulação política aos militares foi um erro do presidente Jair Bolsonaro, e acrescentou que, se não ajustar as contas públicas, o próximo ocupante do Palácio do Planalto corre o sério risco de não terminar seu mandato.
Crise econômica trava agenda
No entanto, o economista não vê a agenda da privatização da Petrobras avançando no atual governo e admitiu que a retomada da economia está sendo muito mais difícil do que se esperava. “No próximo ano como o crescimento vai ser menor, a gente possivelmente vai terminar esse governo com a taxa de desemprego na casa de 12%”, disse Mansueto.
Segundo ele, mesmo agora, “com os dados de varejo piorando, o setor de serviços está melhorando”. “A gente vai ter a economia desacelerando na margem, mas com o setor de serviços reabrindo e contratando”.
De qualquer modo, Mansueto disse que o Brasil de hoje é “muito melhor” do que há 10 ou 20 anos atrás e defendeu que não há fuga de capital do país. “O que está acontecendo é uma diversificação de carteira, com vários brasileiros aplicando na bolsa americana e em startups“.
Estariam na lista de projetos que melhoraram o Brasil a reforma da Previdência, a independência do Banco Central e o novo margo regulatório do saneamento, segundo ele. “Mesmo um estado como o Rio de Janeiro conseguiu fazer concessões”, avaliou.
Fonte: “Money Times”, 15/11/2021
Foto: REUTERS/Sergio Moraes/File Photo