Descubra os segredos de quatro empresas que têm na criatividade um dos principais ativos
A papelaria do escritório nunca mais foi a mesma depois que Art Fry e a 3M lançaram o primeiro lote de seu Post-it no mercado dos Estados Unidos. Já a internet ficou muito mais organizada no dia em que entrou em operação o sistema de buscas de informações do Google. Separadas por quase três décadas, essas invenções têm muitas coisas em comum. Para começar, ambas revolucionaram o mercado em suas respectivas épocas. E, por fim, foram concebidas por empresas que conquistaram o mundo ao instigarem a cultura da inovação como um DNA corporativo.
“Mais do que um processo, a inovação é uma cultura que faz parte direta e indiretamente da estrutura das grandes empresas”, afirma Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper e blogueiro do Estadão PME. Ele chama a atenção para a necessidade do pequeno e médio empreendedor também seguir esses passos. “As empresas brasileiras precisam copiar menos e criar mais”, destaca.
Para auxiliar o pequeno empresário nessa tarefa, reunimos abaixo como executivos de Google, 3M, Natura e Buscapé tratam da inovação em suas empresas.
:::3M:::
Com 111 anos de história, a 3M mantém um histórico de inovações que hoje é divulgado como marca da empresa pelo mundo afora. No entanto, segundo Luiz Serafim, gerente de marketing corporativo da empresa e autor do livro “O Poder da Inovação” (editora Saraiva), a companhia não dispõe de um departamento de inovação.
“Tem a área de produto, que está muito associada ao desenvolvimento do produto. Mas a ideia é que todo funcionário que chega na empresa, já na integração, seja bombardeado de informações e vá entendendo que a perpetuação da inovação na 3M é responsabilidade de cada um”, afirma.
“Há anos, somos avaliados por inovação. E (inovação) não é produto novo. A questão é: que melhoria, que processo você fez para dar mais suporte às áreas de negócio? O nosso espírito é o de descentralização da inovação”, diz Luiz Serafim.
:::Buscapé:::
A empresa fundada na década de 1990 em São Paulo tem, segundo Ayrton Aguiar, vice-presidente de fusões e aquisições da companhia, a “missão de procurar empresas e ideias de produtos para engrossar o portfólio da companhia tanto dentro quanto fora da empresa”. Também não existe uma área de inovação no Buscapé. A empresa, no entanto, promove concursos internos para que os funcionários apresentem suas ideias.
“Em 2012 fizemos essa competição e tivemos três ganhadores. Eles vão receber o apoio da empresa, não necessariamente com capital. Mas vamos na mídia, vamos apresentá-los para outros investidores-anjo”, conta Aguiar.
:::Google:::
A gigante fundada por Larry Page e Sergey Brin (também chamados de Google Guys) dá aos seus engenheiros 20% do tempo para que possam trabalhar em projetos pessoais. A empresa também busca motivar as pessoas com a cultura de inovação do negócio.
“No nosso caso, se tivéssemos uma área de inovação, alguém controlando o fluxo, seríamos menos inovadores. Primeiro porque pensar é a parte mais fácil da inovação. O duro é executar. A inovação tem de ser estimulada, tem de sair um pouco do controle. Depois, claro, a gente controla. Mas no momento inicial, as ideias mais loucas possíveis, as mais selvagens precisam de espaço. No momento da análise, daremos a elas a chance de se provarem”, afirma Alessandro Germano, gerente de desenvolvimento de novos negócios do Google.
:::Natura:::
A Natura, por sua vez, trata a inovação de maneira distinta em comparação aos integrantes desta lista. Para começar, a empresa tem um departamento com 500 funcionários dedicados ao assunto.
“Um dos pontos centrais do nosso negócio é inovar, principalmente em pontos ligados às paixões da empresa, que são os produtos e as relações. Eu acho que a gente não tem pensadores de inovação. Temos um número grande de informação e pessoas que trazem sua paixão para criar”, destaca Victor Fernandes, diretor da área de ciência e tecnologia da Natura.
“Elas começam a imaginar coisas novas e trazem isso como uma possibilidade para a empresa executar”, conta Victor Fernandes.
Curso. De olho na carência de inovação entre os pequenos negócios, a Endeavor, Ong dedicada ao fomento do empreendedorismo em paises emergentes, lançou um projeto para selecionar executivos e empresários para um programa que mescla mentoria, aulas teóricas e visitas em universidades e grandes corporações ao longo de sete meses deste ano.
Chamado Endeavor Innovation Program (EIP), serão selecionadas 60 empresas que apresentem faturamento anual entre R$ 10 milhões e R$ 200 milhões. Parte do programa será realizado no Brasil e outra parte, nos Estados Unidos, em duas viagens: uma para a universidade de Havard, em Boston, e outra para Stanford, na Califórnia.
Cerca de 80% do programa será subsidiado pelo FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e pelo Ministério da Ciência e da Tecnologia. O restante, US$ 4,9 mil (cerca de R$ 10 mil), deve ser custeado pela empresa.
Informações sobre o programa podem ser obtidas pelo email: innovationprogram@endeavor.org.br
Fonte: O Estado de São Paulo
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