Os jornais especulam neste final de janeiro de 2013: Afif Domingos, vice-governador de São Paulo, será o titular da secretaria da micro e pequena empresa, órgão com status de ministério a ser criado por força de lei que ainda tramita pelo Congresso Nacional. Já foi aprovada pela Câmara e a previsão é de que seja aprovada pelo Senado até final de março.
Promessa de campanha da presidente Dilma Roussef , a criação do ministério serve agora para compor a cota de participação no governo do PSD, o partido de Gilberto Kassab ao qual Afif Domingos se filiou desde a primeira hora. O PSD deve apoiar o candidato do governo nas eleições presidenciais do próximo ano.
O preço cobrado pelo governo para entregar a Afif Domingos esse ministério é altíssimo: terá de abandonar sua condição de opositor, para a qual foi eleito junto com o tucano Geraldo Alckmin em 2010, e apoiar o governo de Dilma Roussef não apenas como militante partidário mas como colaborador e responsável por um ministério para o qual confluem grandes expectativas de toda a sociedade. Oxalá ele cobre do governo na mesma moeda e realize nesse ministério a grande obra que todos esperam dele.
Para início de conversa, Afif poderia corrigir esse evidente vício de origem: impedir, de algum modo, que se agregue ao novo ministério as atividades de apoio ao cooperativismo e associativismo urbanos alocadas atualmente na órbita do Ministério do Trabalho. A lei que nasce no Congresso prevê esse desvio. Para não enfraquecer o foco que a nova pasta deve dedicar à micro e pequena empresa melhor seria se essa transferência não se efetivasse.
Administrador de empresas, empresário experiente do setor de seguros, líder de classe do comércio, ex-presidente do Sebrae, considerado ótimo articulador na política, Afif Domingos saberá o que fazer para transformar a nova pasta em forte instrumento de incentivo aos pequenos empreendedores. A expectativa é que ele reúna as necessárias condições políticas para fazê-lo.
O trabalho do novo ministro deve ser didático, no despertar da consciência dos diferentes escalões governamentais para a importância – e o potencial – da micro e pequena empresa no Brasil. O segmento que oferece a maior quantidade de empregos, é responsável pela circulação da moeda, pela estabilidade social do país, tem sido deixado no limbo pelas três esferas governamentais – municipal, estadual, federal – que o enxergam apenas como fonte de receita fiscal. Por desconhecimento do que é a pequena empresa, do que ela é capaz de oferecer como contribuição ao desenvolvimento, tem sido deixada de lado por todos os programas governamentais lançados com o objetivo de acelerar o crescimento do país.
Afif Domingos, mais do que ninguém, sabe dizer que a grande empresa demora até seis meses para criar um novo emprego e que a pequena empresa consegue criar uma nova vaga de um dia para o outro desde que seja minimamente incentivada. Sabe que a pequena empresa não quer tutela governamental, quer políticas de incentivo que passem pela desoneração da folha de pagamento; oferta de crédito com carência; redução da burocracia; capacitação para o gerenciamento em grande escala; redução da carga tributária em níveis muito superiores às que prevêem o Simples e o Super Simples, programas que Afif ajudou a criar mas que já não respondem mais às expectativas do empreendedorismo fortemente impactado pelas novas tecnologias de informação.
Há muito o que fazer em favor das pequenas empresas no Brasil e caberá a Afif Domingos dar ao governo demonstrações práticas do quanto estas são capazes de oferecer contrapartidas rápidas, efetivas, a todo incentivo que venham a receber. O cenário com que o empreendedorismo brasileiro trabalha é um dos piores do mundo. Lá fora, na maioria dos países desenvolvidos, a participação da pequena empresa no PIB (Produto Interno Bruto) passa de 40 por cento e há casos em que atinge os 50%. No Brasil, a participação fica próxima de 20 por cento, o que é apontado pelos especialistas como o sinal do quanto a pequena empresa tem sido discriminada e castigada pela carga fiscal e pela burocracia.
Afif Domingos deve saber, enfim, que dois anos de boa gestão serão suficientes para demonstrar o quanto os pequenos são diferentes e o quanto devem ser tratados por suas diferenças. Dilma Roussef poderá ficar assombrada com os resultados.
Afif se aliou ao capeta. É agora cúmplice de um governo imoral, esmagador das liberdades que ele dizia defender. Como líder, ele morreu. Que vá lá fazer seu “bom trabalho”, ficar como um cão tolerado pela gerência, para, depois de ter colaborado com o projeto de poder do PT, ser chutado, descartado…