Fernando Mantovani
Os dados macroeconômicos não são exatamente os mais animadores: com um PIB projetado de aproximadamente 2,5%, boa parte do mercado acredita que poderíamos crescer mais no ano de 2013. Não é um cenário preocupante, principalmente se levarmos em conta um dado hoje invejável para grande parte do mundo desenvolvido: uma taxa de desemprego baixíssima, enquadrada no chamado pleno emprego.
Quanto mais nos aproximamos do topo da pirâmide, porém, menor é essa taxa de desemprego. A conta é simples. Quanto maiores a escolaridade, especialização e experiência, mais alta a chance de estar bem inserido no mercado. Nesse sentido, o Brasil ainda sofre e provavelmente continuará sofrendo por alguns anos com a escassez de talentos no topo.
Poucas empresas possuem líderes preparados para assumir seus desafios de gestão. E o mais grave é que muitas delas não costumam se preocupar em preparar esses líderes. A sucessão é um dos grandes desafios do mundo corporativo hoje e, como consultoria de recrutamento, percebemos isso no nosso dia a dia. Não são poucas as companhias que procuram líderes para ocupar rapidamente vagas que abriram repentinamente pela saída de um executivo. O Brasil é um dos líderes mundiais em rotatividade de profissionais, e além de não conseguir reter seus talentos, as empresas sofrem para formar novos gestores com a velocidade que precisam.
Do ponto de vista do recrutamento, esse gargalo de liderança é uma oportunidade, mas também um desafio. Além de buscarem profissionais com perfis excepcionais, as empresas também querem contratar com rapidez – e isso estimula ainda mais a chamada inflação salarial e a já conhecida guerra por talentos. No fim das contas, a rotatividade de profissionais é alimentada por esse sistema de baixa velocidade de formação e alta demanda por líderes. Um PIB mais alto ou um crescimento mais agressivo, apesar de desejáveis, poderiam causar problemas ainda mais graves.
Fonte: Exame
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