As perspectivas da Argentina até o ano passado eram muito ruins. Os índices de confiança dos empresários e dos consumidores no futuro do país eram baixos e se refletiam no baixo nível de investimentos.
Com a eleição do presidente Macri, ocorreu uma mudança radical de expectativas, que passaram a ser positivas. Os índices de confiança subiram, e o risco argentino caiu fortemente. Hoje o país tem prêmio de risco menor que o do Brasil e, assim, paga juros internacionais menores que os nossos.
No Brasil, houve época em que parcela importante de economistas negava a importância das expectativas e a capacidade de aferi-las com precisão. Acabaram reconhecendo seu papel crucial na economia, mas pensaram ser função do governo tentar manipulá-las para estimular artificialmente a atividade com proclamações irrealistas de que a inflação seria baixa e o crescimento, elevado.
Essa linha de ação subestima a inteligência do investidor, do consumidor e do cidadão em geral, que têm várias fontes de informação para formar suas expectativas. Quando constatam que o otimismo das autoridades não se confirma, ficam mais desmoralizadas.
Na Argentina, os primeiros atos do governo confirmaram as expectativas dos agentes econômicos. Macri logo tomou medidas concretas como o levantamento dos entraves à exportação e a negociação efetiva das dívidas do país que o impediam de acessar plenamente o mercado de crédito internacional.
Ou seja, as expectativas positivas na Argentina com o governo não eram infundadas, mas resultado de avaliação racional sobre sua gestão, o que agora estimula um círculo virtuoso de expectativas e fatos.
No Brasil, tivemos nos últimos anos queda acentuada e constante das expectativas e dos índices de confiança, que levaram à queda dos investimentos e da capacidade de oferta de bens e serviços. O resultado do PIB de 2015 referendou essas expectativas. O PIB recuou 3,8% em 2015, e a renda per capita caiu 4,6%.
É muito importante entendermos essa dinâmica entre expectativas e fatos, que comprova a força das expectativas na economia de qualquer país. Quando os agentes econômicos perdem a confiança no empenho das autoridades em cumprirem o que prometem, os resultados ruins de políticas equivocadas acabam se intensificando -seja na atividade econômica, seja na inflação, para a qual essa relação expectativas-fatos é mais intuitiva.
As expectativas, portanto, são fundamentais para o desenvolvimento econômico. Elas precisam ser baseadas na realidade e confirmadas pela ação dos governantes. Quando se promete o que não se realiza, por exemplo, o efeito é muito negativo, como vimos muitas vezes no Brasil.
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