Criada em 2008 durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), estatal fabricante de chips, deve ser fechada até o fim deste ano. Desde sua fundação, a empresa recebe recursos públicos para bancar suas despesas. “O fechamento da estatal deverá representar uma economia de 70 milhões de reais por ano aos cofres públicos”, diz Diogo Mac Cord, secretário especial de desestatização do Ministério da Economia.
O processo de encerramento das atividades da empresa teve início na semana passada, após a realização da assembleia que definiu o liquidante da Ceitec. A tarefa caberá a Abílio Eustáquio de Andrade Neto, oficial da Marinha que também foi o liquidante da Casemg, fechada no final do ano passado. “Andrade Neto já se mudou para Porto Alegre, onde fica a sede da Ceitec, para levar adiante, de forma célere, o processo de extinção da estatal”, diz Mac Cord.
Com uma receita de 9 milhões de reais em 2019, a Ceitec produz semicondutores, concorrendo em um segmento dominado por grandes empresas, como a Samsung e Intel. Segundo o Ministério da Economia, não foi identificado um interesse no mercado pela compra da Ceitec. Por isso, optou-se pela liquidação da empresa.
No ano passado, a estatal recebeu cerca de 61,4 milhões do Tesouro Nacional para bancar suas despesas e se manter. Entre 2015 e 2019, os aportes de recursos públicos somaram 354,7 milhões de reais. Os 184 funcionários da empresa recebem cerca de 8.900 reais por mês, segundo dados do Ministério da Economia. O maior salário é de 28,5 mil reais.
Em meados de março, Andrade Neto deverá apresentar o cronograma das etapas do processo de extinção da empresa, definindo prazos para a venda dos ativos e a resolução do passivo, que soma em média 14 milhões de reais. Cerca de 44,6% da dívida é oriunda de ações judiciais.
Fonte: “Exame”, 17/02/2021
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