A mobilidade urbana apresenta grandes desafios no Brasil, com gargalos que precisam ser enfrentados de frente nas cidades. Há uma década, o arquiteto Anthony Ling escreve sobre o tema. Há alguns anos, este trabalho se profissionalizou por meio do “Caos Planejado”, plataforma que reúne conteúdo para levar informação à sociedade, além auxiliar na elaboração de políticas públicas com o poder de melhorar efetivamente a vida dos cidadãos. O projeto, que acaba de lançar um novo site, vem exercendo papel importante na conscientização da população, mas também influencia e sensibiliza o poder público na busca por melhorias no setor. Ouça a entrevista!
Artigos, matérias, newsletter e podcasts abordam de forma crítica assuntos como moradia, mobilidade urbana, desenvolvimento urbano etc. “A ideia é trazer um conteúdo de qualidade que tenha embasamento em estudos, dados e evidências, mas sempre com uma linguagem acessível para o cidadão comum”, conta Anthony, relatando que o projeto vem impactando, até mesmo, estudantes e políticos, que usam as informações da plataforma para embasar pesquisas ou questionar políticas públicas em suas cidades.
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Recomendações para mobilidade urbana
O Caos Planejado trabalha com ideias e recomendações com possibilidade de impactar positivamente a mobilidade urbana. A proposta é despertar uma nova visão na sociedade. Entre os pontos defendidos, está o maior cuidado com o espaço público. Há, também, sugestões de mudanças na área do transporte, como a ideia de incorporar linhas coletivas alternativas nas cidades.
“Seria uma opção de baixo custo, para que esse serviço chegue às periferias e comunidades de baixa renda, que hoje não têm acesso adequado ao transporte público. Geraria uma melhora na mobilidade urbana sem exigir um investimento muito grande e imediato”, defende Ling.
Economia urbana
Segundo Anthony, a urbanização no Brasil ultrapassa os 80%, ou seja, a maior parte da população brasileira, hoje, vive em cidades, dado que mostra o quanto a economia urbana é interessante para o Brasil como um todo. Ling conta que, antigamente, as cidades eram vistas como algo ruim, que evidenciava a poluição, trânsito e barulho. No entanto, atualmente, esse cenário se inverteu.
“Percebemos o quanto a cidade estabelece empregos, mão de obra e oferece diferentes oportunidades. Além disso, a concentração de pessoas num espaço territorial menor permite que tenhamos menores custos de implementação de serviços públicos per capita. Imagine se espalhássemos esses habitantes, precisaríamos de muito mais carros, geraríamos mais poluentes e ocuparíamos um território natural muito maior. Então, hoje, economicamente as cidades fazem sentido e a densidade gerada por elas é algo positivo”, finaliza.