É consenso a importância da educação para o desenvolvimento de uma sociedade e de seus indivíduos. É através dela que conseguimos promover não só a ascensão econômica de uma nação, com mais oportunidades e qualidade de vida, como também a construção de cidadãos plenos, cientes de seus direitos e deveres. Para entender mais a realidade da nossa situação educacional, o Instituto Millenium está lançando o estudo inédito “Educação e Desenvolvimento – A formação do capital humano no Brasil”, desenvolvido pela Eight Data Intelligence. Esta é a segunda edição do projeto Millenium Analisa, que busca estudar os efeitos da atuação do Estado em áreas importantes para o país.
Para realizar o levantamento, foram utilizadas técnicas de Big Data e Inteligência Artificial. A intenção era descobrir se o Brasil está no caminho certo para a formação do capital humano, além de apontar os principais desafios a serem superados para aumentar o desempenho educacional no país.
Os resultados, no entanto, mostram que os problemas na educação vão muito além das salas de aula, apresentando-se como consequência de outras distorções. Entre as conclusões, por exemplo, está a de que a falta de acesso a energia elétrica e saneamento básico é relacionada com a frequência escolar dos alunos com idade entre 4 e 17 anos. Apesar da Constituição classificar a educação como um direito de todos, no país, apenas 30% das crianças de 0 a 3 anos estão na escola. A escolarização do ensino superior é de apenas 4,2%. Além disso, apesar dos 99% de taxa de escolarização no ensino básico, mais de 11 milhões de brasileiros chegaram aos 18 anos, mas continuam analfabetos.
O estudo também buscou entender quais variáveis afetam a média de anos que uma pessoa se dedica aos estudos no Brasil. Segundo o documento, “uma das preditoras mais importantes é o percentual de impostos que uma empresa paga e os gastos governamentais, exercendo uma relação negativa para a média do tempo que um adulto se dedica aos estudos. Ou, quanto maior a tributação e os gastos de governo, menor será essa dedicação”.
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Nos países onde há maior proteção à propriedade privada, o cenário se inverte e as pessoas tendem a estudar mais. O mesmo pode ser visto com o índice de liberdade para se fazer negócios, embora tenha menos relevância que as demais variáveis. Outro destaque é que os desperdícios de gastos do governo também impactam negativamente na trajetória escolar dos indivíduos.
O levantamento trouxe ainda conclusões importantes no que se refere ao ensino superior. As instituições públicas estão, em sua maioria, distantes das regiões com maior vulnerabilidade social. Os 931 municípios do país com alto índice de Gini, que indica maior concentração de renda e desigualdade social, não têm acesso à oferta de ensino superior público ou privado. Desta forma, é possível concluir que há um gasto elevado e mal direcionado no país, impossibilitando o acesso de uma parte mais pobre da população. Outro dado obtido é que, entre os 1.608 municípios brasileiros com renda mais baixa, 93% estão em regiões descobertas pelo ensino superior.
Millenium Analisa
O Millenium Analisa nasceu da vontade de compreender melhor o impacto das ações do Estado e a realidade do cenário brasileiro diante de temas importantes na sociedade. O primeiro estudo feito em parceria com a Agência Eight, chamado de “Previdência, setor público, pobreza e desigualdade”, provou como o então sistema previdenciário vinha falhando na tentativa de reduzir a pobreza, além de mostrar os impactos danosos do modelo para as contas públicas. O material alcançou alta repercussão e foi enviado a todos os deputados e senadores, contribuindo para a sua tramitação no Congresso. A reforma da Previdência foi aprovada pelo Senado Federal nesta terça-feira (22).