À “esquerda”, Lula, o pai do povo. À “direita”, Fernando Henrique, o pai da estabilidade econômica. Lula lança a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição. FHC acusa Lula de se tornar o “presidente adjunto”. “Nós não herdamos nada, nós construímos (tudo no decênio glorioso sob a Presidência do PT)”, alardeou a presidente Dilma. “Os petistas não podem mais falar de ética, porque têm o mensalão na testa”, retruca FHC, que patrocina o lançamento da candidatura de Aécio Neves.
Mais uma vez, a tentativa de polarização da disputa entre tucanos e petistas. Caso funcione, completam seis mandatos, quase um quarto de século no poder. Gramsci estaria orgulhoso. Não há mais oposição, apenas uma velha “esquerda” hegemônica. “Não há mais disputa ideológica, basta saber quem comanda a vanguarda do atraso”, confessou com extraordinária propriedade o ex-presidente FHC.
Poderia estar se referindo aos conservadores que lhe garantiram a emenda constitucional da reeleição. Agora não há mesmo oposição. Só a disputa pela gigantesca engrenagem estatal de comando centralizado que controla 40% do Produto Interno Bruto. Por isso a ferocidade das disputas. Por isso também o extemporâneo lançamento de candidaturas presidenciais. Por isso as degeneradas práticas políticas. Por isso a interrupção da agenda de reformas. E, como o primeiro a trocar o aprofundamento das reformas por um prolongamento do mandato, espero que se orgulhe FHC de ser também o pai dessa obsessão reeleitoral de presidentes passados e futuros.
A permanente batalha de PSDB e PT acabou cristalizando práticas políticas disfuncionais, alianças espúrias entre facções social-democratas e conservadores do Antigo Regime que lhes dão sustentação parlamentar. A Rede de Marina Silva pode ser uma novidade na política brasileira. Já o PSB de Eduardo Campos, situacionista que pode se tornar uma alternativa oposicionista, não se comportou bem em seus primeiros ensaios de questões nacionais, como a distribuição dos royalties do petróleo. E a imagem do partido só piora quando o governador cearense Cid Gomes, sempre às voltas com sua alegada preferência por jatinhos, atropela a Constituição na tentativa de desviar recursos dos royalties para financiar show de inauguração de hospital cuja fachada desabou.
Fonte: O Globo, 25/02/2013
Vamos ver se eu entendi: O governador Eduardo Campos se comportou mal e o governador Cid Gomes pior ainda com relação aos royalties do petróleo. Petróleo para o o qual o Rio tem, indiscutivelmente, vista para a produção.
Esses governadorizinhos do nordeste, e também do resto do Brasil, não sabem que os royalties do petróleo devem ter uma destinação mais nobre: financiar a dança ritual do guardanapo, em Paris. Nada de dinheiro para esses hospitalzinhos de interior que podem até desabar. Nenhum daqueles dançarinos, ao que parece, deu esse vexame. Nenhum envergonhou o Brasil, nenhum foi ao chão, ainda que de Paris.
A discussão sobre os royalties tem uma solução lógica: basta aos estados ainda mais afastados construirem imensas torres e no seu topo instalarem supertelescópios – desses que a Nasa usa. Assim, passarão também a ter vista (também telescópica) para a produção do petróleo.
Ps: não vou cobrar royalties pela solução!