O aparelhamento das estatais tem corroído a eficiência das empresas públicas nacionais. Especialistas afirmam que o endividamento, a perda de valor de mercado das empresas e até a falta de transparência na gestão das companhias nacionais, que com alguma frequência se tornam protagonistas de investigações e escândalos de corrupção, podem ser considerados reflexos da prática do governo de usar a máquina para interesses políticos. O cientista político Bolívar Lamounier explica que a falta de alternância no poder é outro fator que gera o atual quadro. “A chance de um aparelhamento extenso e desastroso é muito maior em governos de orientação populista, como foi o de Lula e está sendo o de Dilma Roussef”, diz.
De acordo com Lamounier, combater o aparelhamento das estatais requer mais do que medidas objetivas. “No caso brasileiro, a primeira providência seria reduzir drasticamente o número de cargos comissionados. Mas a tendência a dilapidar a administração pública por esse ou por algum outro caminho voltará se outras mudanças não acontecerem”, explica o diretor da Augurium Consultoria e especialista do Instituto Millenium.
Além do uso de critérios políticos para a ocupação de cargos, o governo se vale das empresas para implantar medidas populistas, como o controle de preços da tarifa de energia e do combustível. O aparelhamento estatal exige das companhias elevados investimentos em curto prazo, gerando prejuízos. Nos últimos três anos, a Petrobras perdeu 60% de seu valor de mercado, enquanto a Eletrobras encolheu 63%. O controle de preços dos combustíveis imposto pelo governo fez com que a petrolífera perdesse 48 bilhões de reais.
Para Lamounier, o aparelhamento estatal depende de um amadurecimento político da sociedade: “Primeiro, o país necessita de anticorpos políticos efetivos contra o populismo. Segundo, a sociedade precisa ter mais consciência de que é ela quem paga pelos desperdícios, pelas falcatruas e pelos serviços não prestados, ou prestados sem qualidade. Precisa ficar atenta e cobrar de verdade”.
Aumento de preços, menos crescimento
Nestes casos, Privatizem Já!