A falta de uma política coerente para o setor de combustíveis no Brasil criou uma situação de escassez generalizada, aumentando as importações de diesel, gasolina e até mesmo etanol, na contramão da desejada autossuficiência energética. Desde 2000, o Brasil nunca importou tanta gasolina, diesel e etanol.
O aumento da importação é resultado do descasamento entre o aumento da demanda e a estagnação da produção doméstica. Ao comparar a média de vendas internas de gasolina e diesel às distribuidoras de 2012 com as de 2000 verifica-se um aumento de 67% e 46%, respectivamente.
Entretanto, o crescimento da produção nacional de derivados no período, de 24%, não foi o suficiente para acompanhar o ritmo de crescimento da demanda.
Com o objetivo de expandir a capacidade de refino, a Petrobras planejava a construção de quatro novas refinarias, a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), o Complexo Petroquímico do Rio Janeiro (Comperj) e as Refinarias Premium I e II.
O Comperj e a Rnest seguem em construção, enquanto os projetos das Refinarias Premium I e Premium II ainda estão no papel. De acordo com o Plano de Negócios da Petrobras 2012-2016, os projetos das Refinarias Premium I e II e o segundo trem do Comperj, dados anteriormente como necessários e de certa realização, estão em processo de avaliação.
Assim, mesmo com os novos investimentos, a capacidade de refino no Brasil continuará sendo insuficiente para atender a demanda.
Enquanto do lado da oferta a perspectiva é de aumentos limitados, a demanda por combustíveis fósseis continua a ser impulsionada pela concessão de subsídios velados, uma vez que os preços domésticos não vêm acompanhando a variações dos preços internacionais dos derivados e da taxa de câmbio.
Sem a correta sinalização de preço para os combustíveis fosseis, o setor de biocombustíveis acabou prejudicado.
Infelizmente, a escassez não é verificada apenas no mercado de combustíveis automotores. Hoje, o país enfrenta problemas de oferta no mercado de gás natural, no mercado de mão de obra especializada e equipamentos para o setor de petróleo e gás natural.
No caso do gás natural, apesar da expectativa do aumento na oferta com a exploração do pré-sal, o preço do gás natural no Brasil continua elevado e o produto escasso. Um bom exemplo é a dificuldade que térmicas a gás natural tem tido para se viabilizarem nos leilões de energia.
No leilão A-5 realizado em dezembro de 2011 nenhuma térmica a gás conseguiu contrato firme com a Petrobras para o fornecimento de gás natural.
No setor de exploração e produção de petróleo e gás natural, a falta de equipamentos e de mão de obra qualificada é um gargalo e torna-se uma barreira para o desenvolvimento da exploração e produção de petróleo.
Faltam engenheiros, geólogos, entre outros, e um caso que tem chamado a atenção é a falta profissionais capacitados para operar as sondas de perfuração que começarão a ser entregues pelos estaleiros em 2015.
Fonte: Brasil Econômico, 26/07/2012
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