Os pré-candidatos à Presidência já podem receber doações pela internet há dois meses. Mas, se depender dos números até aqui, as doações não necessariamente refletem um possível desempenho nas urnas. Os dois que mais receberam valores foram o ex-presidente Lula (R$ 379 mil) e o pré-candidato do Novo, João Amoêdo (R$ 265 mil): o primeiro, preso desde abril, provavelmente nem terá sua foto nas urnas. O segundo fica no bolo que está na lanterna dos levantamentos de intenção de voto.
Os valores que Lula recebeu vieram de 4 mil militantes. Em média, cada um dos apoiadores deu R$ 92 ao petista. A média das doações do presidenciável do Novo é de R$ 128.
Veja mais:
Murillo de Aragão: “A omissão também é uma posição política”
Jovens criam startup de crowdfunding para campanhas políticas
Com reconhecimento facial, app auxilia eleitor na hora de escolher candidato
Dos outros candidatos, nenhum recebeu acima de R$ 50 mil recebidos. Os valores são uma fração ínfima do teto de gastos imposto pelo Tribunal Superior Eleitoral no primeiro turno, de R$ 70 milhões. No caso dos maiores partidos, boa parte da campanha deve ser bancada por valores dos fundos partidário e eleitoral.
Apesar do ritmo lento, o desempenho indica que os pré-candidatos deverão superar, com facilidade, os números de 2016. Só Lula e Amoedo, somados, já conseguiram, a um pouco menos de três meses da eleição, 25% de tudo o que foi arrecadado pela internet entre os candidatos nas eleições de 2016.
Os dois líderes nas pesquisas no cenário sem Lula, Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede), sequer lançaram suas plataformas de doação na internet.
Candidatos por partidos pequenos e com pouca estrutura, tanto Jair Bolsonaro quanto Marina Silva afirmam que tentarão sustentar suas candidaturas com doações. No entanto, nenhum dos dois já está recebendo. A campanha do deputado afirma que o sistema que usará está em fase de implantação. A pré-candidata da Rede já tem um grupo acertado para tocar essa parte de sua campanha, a empresa Bando, que realizou o mesmo trabalho para a campanha de Marcelo Freixo à prefeitura do Rio há dois anos. Em 2014, o financiamento da candidatura do político do Psol conseguiu R$ 1,8 milhão, considerado o maior no Brasil.
+ “O eleitor é essencial não só no voto, mas no defender de sua ideia”
Marina deve lançar o sistema nas próximas semanas. A ex-senadora adota como estratégia direcionar os recursos de sua campanha para se diferenciar nas redes sociais: até ontem, a página da ambientalista tinha, no ar, cinco publicações patrocinadas pela pré-campanha.
Candidato que corre atrás de votos para empolgar possíveis aliados, o tucano Geraldo Alckmin já tem uma plataforma preparada em seu site, mas ela ainda não está foi lançada oficialmente, o que deve ocorrer nas próximas semanas. Entre os outros candidatos mais bem posicionados, apenas Ciro Gomes e Álvaro Dias têm vaquinhas funcionando.
O político do PDT usa uma plataforma em sua página, enquanto o senador do Podemos utiliza um serviço terceirizado. Dias conseguiu R$ 18 mil de 115 doadores. Ciro Gomes não publica na página o valor recebido, mas informou à reportagem que já arrecadou R$ 44 mil até aqui.
Candidatos de partidos menores, como Guilherme Boulos, do Psol, e Manuela D’Ávila, PC doB, também têm suas páginas de arrecadação no ar. A pré-candidata comunista criou uma página para que apoiadores possam ajudar a bancar suas viagens: já amealhou R$ 40 mil. Na página do socialista, o Psol indica que conseguiu R$ 24 mil.
Fonte: “O Globo”