De que servem as melhores ideias, propostas e respostas, se não se consegue expressálas com clareza, harmonizando a fala e os gestos com o conteúdo do discurso? Se o público não entende, não acredita. A máxima chacriniana “quem não comunica se trumbica” continua em pleno vigor nesta campanha eleitoral comandada pelo nosso comunicador-chefe como um Chacrinha dos palanques.
Se um grupo de estrangeiros, sem saber nada sobre o Brasil e nem entender português, fosse contratado para assistir ao debate presidencial na Band, talvez pudesse dar novas contribuições aos marqueteiros.
Claro que eles não poderiam ter qualquer opinião sobre o conteúdo, mas serviriam para dar suas impressões, com a isenção do desconhecimento, sobre a forma com que os candidatos expressaram seus estilos e personalidades. As expressões faciais e corporais, a postura, os gestos, o tom da voz, as reações a perguntas podem dizer muito sobre a percepção da pessoa física do candidato pelos eleitores.
A visão distanciada dos estrangeiros poderia dar um enfoque diferente nas pesquisas qualitativas que os marqueteiros adoram. Eles poderiam oferecer novos subsídios sobre a aparência dos candidatos aos olhos de absolutos estranhos. Afinal, em uma eleição, parecer é tão ou mais importante do que ser.
No debate, os estrangeiros perceberiam que aquele senhor careca e magrelo de terno escuro, com um ar meio cansado, se expressava de forma meio professoral, parecia um político experiente, acostumado à exposição pública, que mantinha uma gesticulação discreta e uma postura adequada ao ritmo de suas falas, mostrando aparente segurança e al-guma monotonia.
Já a senhora rechonchuda e com um grande topete, maquiada com esmero, parecia furiosa e tomada por um espírito guerreiro, de dedo em riste, com olhos rútilos e lábios trêmulos.
Na maior parte do tempo se mostrou assertiva e ríspida no tom de voz, numa postura ofensiva de combatente. Falava como um general, e em vários momentos parecia estar com muita raiva. Os estrangeiros teriam muito medo dela, mesmo sem entender o que dizia. Só pela forma de dizer.
Fonte: Jornal “O Globo” – 15/10/10De que servem as melhores ideias, propostas e respostas, se não se consegue expressá-las com clareza, harmonizando a fala e os gestos com o conteúdo do discurso? Se o público não entende, não acredita. A máxima chacriniana “quem não comunica se trumbica” continua em pleno vigor nesta campanha eleitoral comandada pelo nosso comunicador-chefe como um Chacrinha dos palanques.
Se um grupo de estrangeiros, sem saber nada sobre o Brasil e nem entender português, fosse contratado para assistir ao debate presidencial na Band, talvez pudesse dar novas contribuições aos marqueteiros.
Claro que eles não poderiam ter qualquer opinião sobre o conteúdo, mas serviriam para dar suas impressões, com a isenção do desconhecimento, sobre a forma com que os candidatos expressaram seus estilos e personalidades. As expressões faciais e corporais, a postura, os gestos, o tom da voz, as reações a perguntas podem dizer muito sobre a percepção da pessoa física do candidato pelos eleitores.
A visão distanciada dos estrangeiros poderia dar um enfoque diferente nas pesquisas qualitativas que os marqueteiros adoram. Eles poderiam oferecer novos subsídios sobre a aparência dos candidatos aos olhos de absolutos estranhos. Afinal, em uma eleição, parecer é tão ou mais importante do que ser.
No debate, os estrangeiros perceberiam que aquele senhor careca e magrelo de terno escuro, com um ar meio cansado, se expressava de forma meio professoral, parecia um político experiente, acostumado à exposição pública, que mantinha uma gesticulação discreta e uma postura adequada ao ritmo de suas falas, mostrando aparente segurança e al-guma monotonia.
Já a senhora rechonchuda e com um grande topete, maquiada com esmero, parecia furiosa e tomada por um espírito guerreiro, de dedo em riste, com olhos rútilos e lábios trêmulos.
Na maior parte do tempo se mostrou assertiva e ríspida no tom de voz, numa postura ofensiva de combatente. Falava como um general, e em vários momentos parecia estar com muita raiva. Os estrangeiros teriam muito medo dela, mesmo sem entender o que dizia. Só pela forma de dizer.
Fonte: Jornal “O Globo” – 15/10/10
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