O Setor Elétrico Brasileiro (SEB) passa por um período de fusões e aquisições, com a consolidação de grandes grupos empresariais.
O objetivo principal das companhias atuantes no SEB ao ampliarem suas atuações é obter ganhos de escala em todos os segmentos, ou seja, geração, transmissão e distribuição.
O governo federal tem participado diretamente deste processo de consolidação no setor por meio de financiamentos do BNDES e de fundos de pensão de empresas estatais.
As operações de fusões e aquisições entre empresas no SEB se intensificaram a partir de 2005.
A regulação do setor elétrico, que estimula a eficiência operacional, e os novos projetos de geração e transmissão, cada vez mais complexos, contribuem para a consolidação desdas negociações, principalmente entre empresas nacionais. Somente em 2006, foram 61 operações de fusões e aquisições entre empresas do SEB.
A consolidação de grandes empresas no SEB deverá ocorrer principalmente no segmento de distribuição, que atualmente possui 63 distribuidoras. Esta tendência se fundamenta na possibilidade de as companhias obterem maiores ganhos sinérgicos com a fusão ou aquisição.
Entretanto, o número de concessionárias distribuidoras não deve diminuir, mas sim o número de grupos controladores. Somente por meio de mudanças regulatórias, que permitam um reordenamento das áreas de concessão, seria possível a fusão completa das distribuidoras.
Neste contexto em que o governo federal tem incentivado o processo de concentração no SEB, as estatais, principalmente Eletrobras e Cemig, deverão se consolidar entre os grandes grupos empresariais até 2020.
Dentre as empresas privadas, a construtora Camargo Corrêa possivelmente terá participação relevante caso ocorra a fusão entre a sua controlada, CPFL Energia, e a Neoenergia.
No segmento de transmissão a Eletrobras, a Cemig e a CPFL Energia, provavelmente terão maior participação no SEB.
Apesar de possíveis interferências políticas e da indefinição do processo de renovação ou relicitação das concessões inserirem incertezas, o processo de concentração parece ser irrefreável, pois da mesma forma que outros setores da economia que possuem margens pequenas e que, portanto, é obrigatório possuir escala, a motivação econômica de mercado levará a uma maior concentração no setor elétrico brasileiro.
O perigo é que as estatais participem do processo de consolidação guiadas mais por razões políticas do que econômicas.
Nesse sentido, a estratégia dos fundos de pensão, focada na aquisição de empresas controladas por capital estrangeiro, poderá ocasionar uma “reestatização velada”, dado que as companhias estatais e os fundos de pensão passarão a ter maioria nas Sociedades de Propósito Específico que controlam as companhias privadas.
Não é esse o caso da Cemig, que tem adquirido ativos utilizando critérios econômicos. Já a Eletrobras participa do processo de consolidação por motivações políticas. Os maiores exemplos são a compra da Celg e sua participação em Belo Monte.
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