ONGs protestam contra falta de transparência nos impostos e consumidor abastecerá tanque por R$ 1,18, o litro
Rio – Quem abastecer em um posto de gasolina de Botafogo no sábado pagará 53% a menos pelo combustível. O desconto faz parte de protesto de organizações não-governamentais contra a alta carga tributária nos produtos e serviços e por maior transparência na cobrança. A redução equivale a taxas, contribuições e impostos embutidos no preço da gasolina, que sairá, no dia, a R$ 1,18, o litro.
No sábado, entre 11h e 14h, quem encher o tanque no posto Ale, da Rua General Goes Monteiro 195, em Botafogo, Zona Sul, pagará menos pelo litro da gasolina. O valor é livre dos impostos, mas o pagamento só poderá ser feito em dinheiro. Para que não haja tumulto, serão distribuídas senhas a partir das 10h, e cada motorista terá direito a 20 litros do combustível, no máximo.
Se a renda da população fosse anual, os brasileiros teriam que trabalhar até o próximo dia 25 só para pagar tributos. Taxas, contribuições e impostos recolhidos às três esferas de governo consomem, em média, o equivalente a 145 dias de trabalho do cidadão.
Apesar de a maior parte dos tributos cobrados no Brasil estar atrelada a produtos e serviços, poucas pessoas sabem o quanto pagam aos governos quando consomem. Muitos sequer têm conhecimento de que são tributados. Para alertar em relação à falta de transparência e fazer com que a população cobre por melhor retorno, o Instituto Millenium, em parceria com o projeto OrdemLivre.org, organiza o ato, que é nacional.
O comerciante Antônio Soares Bezerra Júnior, 26 anos, que gastou ontem R$ 100 para abastecer, lamentou que o protesto só vá ocorrer no sábado, quando pagaria R$ 47,20 pelos mesmos 40 litros: “É absurdo. Não faço a menor ideia do que fazem com tanto dinheiro”.
O diretor-executivo do Instituto Millenium, Paulo Uebel, acredita que se houvesse conscientização sobre os impostos, a cobrança já teria sido aprimorada. “A carga tributária é muito concentrada no consumo. Isso contribui para a desigualdade e a exclusão social”, afirma.
Uebel cita estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que mostra que quem ganha até dois salários mínimos gasta 54% com tributos. Além da gasolina, produtos como água mineral (43,91%), bicicleta (45,93%) e casa popular (48,3%) têm carga tributária alta.
União tem arrecadação recorde no mês de abril
A arrecadação federal em abril bateu recorde — foram R$ 70,9 bilhões em impostos, taxas e contribuições. O valor é 10,96% maior em termos reais do que o arrecadado no mesmo período ano passado. Nos quatro primeiros meses do ano, o balanço da Receita Federal aponta que R$ 256,8 bilhões entraram nos cofres públicos.
Segundo a Receita, o que mais contribuiu para o resultado foi o aquecimento da economia. Nos últimos meses, indicadores mostram forte crescimento da indústria. As vendas elevaram a arrecadação. O crescimento da massa salarial, que influencia diretamente as contribuições previdenciárias, também foi ressaltado pelo órgão. Ajudou ainda a abarrotar os cofres a melhora na arrecadação dos royalties do petróleo, provenientes das exportações.
Levando em conta apenas recursos arrecadados pela Receita, foram recolhidos no Estado do Rio, este ano, R$ 8,5 bilhões. Com isso, em média, cada fluminense destinou aos cofres da União R$ 533,57 em 2010. É a maior carga tributária federal entre estados. Em segundo lugar, ficou São Paulo, que apesar de ter contribuído com R$ 20,6 bilhões, registrou valor por habitante de R$ 497,77.
Fonte: http://www.gterra.com.br/empresarial/gasolina-por-menos-da-metade-30047.html
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