Há cerca de 39 milhões de jovens adultos que não trabalham nem estudam em 33 países industrializados
A chamada geração “nem-nem” é uma das tendências socioeconômicas mais preocupantes da atualidade, e não somente no Brasil. A expressão se refere aos jovens que “nem trabalham, nem estudam”. Há cerca de 39 milhões de nem-nem em 33 países industrializados, segundo um novo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo o relatório, a geração de jovens adultos, que nasceu depois de 1980, é vítima de políticas públicas indiferentes. Criados em tempos de economias turbulentas, eles tiveram dificuldade de conseguir emprego para os quais seriam qualificados. Muitos ainda vivem com seus pais, adiando o casamento, os filhos e a compra da casa própria. Muitos, inclusive, estão sobrecarregados com empréstimos estudantis.
A geração dos nem-nem é um fenômeno em escala global. No Brasil, a faixa etária que mais concentra os chamados nem-nem é a de 18 anos a 24 anos, em que 24% da população não estava nas escolas nem no mercado de trabalho em 2013, segundo o IBGE. No Reino Unido, na França e nos Estados Unidos, eles eram 16% da população entre 15 e 19 anos em 2013, segundo o relatório. Na Coreia do Sul e na Irlanda, eles eram 19%, enquanto na Espanha e na Grécia, mais de 25%. Para piorar, um quarto daqueles que tinham emprego estavam em trabalhos temporários.
O problema levanta duas questões. A primeira é sobre o quanto a falta de empregos pode causar prejuízos permanentes no futuro desses jovens. Um emprego não significa apenas um salário, mas também educação. Algumas habilidades são simples, mas cruciais, como chegar na hora e aprender a seguir instruções. Quanto mais tempo eles demoram a alcançar estas habilidades, mais difícil fica para se tornar bem-sucedido no mercado de trabalho.
A segunda questão é mais profunda. O desemprego prolongado e a dependência dos pais podem minar a confiança deles. Estar fora do cenário econômico pode virar uma condição semipermanente que exerce uma influência em suas crenças e comportamentos. Eles podem viver, portanto, à margem da sociedade.
O relatório revela que países ricos e pobres têm excesso de jovens desempregados. Pelas estimativas da OCDE, cerca de metade dos nem-nem não está sequer procurando trabalho. Aos 20 e poucos anos é cedo demais para que estes jovens tenham perdido a esperança. Portanto, promover um sentido objetivo e de autossuficiência neste grupo é um desafio para muitas democracias avançadas.
Fonte: Opinião & Notícia
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