O presidente do Conselho de Administração da Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, afirmou ontem que a autorização para a construção de cinco portos no país — anunciada pelo governo na segunda-feira, 9 de dezembro — é um avanço, mas que o Brasil ainda levará anos para atingir padrões de logística mundial. As últimas concessões mostram, segundo ele, que o modelo do governo funciona. Para que se reduza o atraso de 20 anos na área, no entanto, diz Gerdau, é preciso um estoque maior de projetos.
— Existe uma visão pragmática para ajustar processos, mas só o tempo vai atingir a maturidade dessa nova estrutura. É um avanço, mas o desafio da logística no país é enorme, vai levar anos para atingirmos padrões de custos da logística mundial — disse, depois de participar de palestra na Clinton Global Initiative (CGI) América Latina, evento da Fundação Clinton que se encerrou ontem, no Hotel Copacabana Palace, no Rio.
BNDES: “Grande demais”
A questão da logística, que exige investimentos pesados e complexa engenharia financeira, é tema que preocupa não só investidores, como o próprio mercado financeiro. Também presente ao evento, o presidente do banco de investimentos BTG Pactual, André Esteves, alertou para o peso que o BNDES tem hoje na economia brasileira.
— Os bancos de desenvolvimento são muito importantes na região, talvez importantes demais. O BNDES, por exemplo, é, talvez, grande demais. O BNDES é uma organização fantástica, relativamente enxuta, muito qualificada, mas acho que não podemos abusar de algo que é tão útil para a economia brasileira. Se ele ficar grande demais, começa a não contribuir tanto — disse Esteves.
Também presente ao evento, a presidente da Boeing Brasil, Donna Hrinak, afirmou que a empresa vem mantendo conversas com a Secretaria de Aviação Civil (SAC) para colaborar com o desenvolvimento dos aeroportos regionais. Uma das áreas de atuação é buscar formas de reduzir o custo das aéreas:
— A Boeing pode oferecer consultas em tecnologia, uso eficiente do espaço aéreo, com o uso eficiente de combustível, que responde por quase 40% do custo das empresas.
A executiva, que já foi embaixadora dos EUA no Brasil, disse que a Boeing prevê se manter com participação acima de 50% no mercado brasileiro de aeronaves.
Desafios para o futuro
Desenvolver a qualidade da educação, tecnologia, financiamento ao empreendedorismo, competitividade. Esses são alguns dos desafios para o futuro da América Latina lembrados no painel de encerramento da CGI. Segundo Luis Alberto Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), os países precisam se concentrar na melhoria da qualidade de ensino na primeira infância e e investir na formação de professores.
Angélica Tellez, presidente do grupo Omnilife e Nagelíssima, dedicados a trabalhar com mulheres, disse que países com melhor educação têm mais futuro. Para ela, elevar o poder econômico das mulheres contribui para o combate ao analfabetismo:
— As mulheres gastam de 70% a 75% da renda com a família. Gastam para que seus filhos sejam mais bem educados e isso reduz a taxa de analfabetismo.
Já o para o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, o desafio da atual geração é transformar a América Latina em uma região de classe média.
No fim da sessão, o ex-presidente Bill Clinton se desculpou em vídeo por não ter participado “todo o tempo” do evento e agradeceu a presença dos participantes. O painel final, que seria moderado pelo ex-presidente, acabou conduzido pelo presidente do BID.
Fonte: O Globo
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