O estudo intitulado “Futuro do trabalho”, patrocinado pelo Fórum Econômico Mundial em 2016, aponta que 65% das crianças que hoje estão em fase escolar, principalmente na fase do ensino básico, trabalharão em empregos que ainda não existem. Isso revela, segundo o estudo, um desafio premente para o arranjo dos currículos escolares e ao mesmo tempo, um cenário instigante para compreender o papel da educação atual, olhando para o futuro.
Sem deixar de lado as visões que envolvem o mundo do trabalho e focando no mundo da educação, perceberemos que existem inúmeros desafios para que a educação consiga evoluir, não somente nos levantamentos estatísticos de todas as ordens, mas também crescer em valor e despertar a necessidade constante de investimentos e atenção.
Com isso, testemunhamos o debate da educação caminhar para temas como o uso de tecnologias de informação e comunicação, metodologias ativas, novas formas de aprendizagem, bases organizativas dos novos currículos e itinerários, o que é visto como uma oportunidade. Mas igualmente essencial é o papel da gestão educacional neste debate.
O papel do gestor no desenvolvimento escolar extrapola a função de preparar o ambiente administrativo ou organizacional da instituição. Cada vez mais as instituições de ensino, sejam públicas ou privadas, demandam do gestor um conhecimento holístico sobre todo o processo educacional. O conhecimento técnico sobre como aprender, transmitir e avaliar deve fazer parte do seu domínio cotidiano.
Da mesma maneira, devido ao acesso ampliado à informação e conhecimento que vivenciamos, os alunos exigem novas formas de se relacionar com o ambiente escolar, desejando mais liberdade, mais protagonismo e naturalmente um espaço instigante na aprendizagem, diferentemente da tradicional sala de aula no formato que conhecemos, ponto para qual o gestor do futuro deve ficar atento.
Mesmo com as perspectivas das instituições e dos alunos envolvidos neste processo serem determinantes para o papel escolar na formação, o gestor do futuro não pode deixar de ter atenção para os assuntos que envolvem o papel do professor, o relacionamento interpessoal do seu grupo de colaboradores, o cuidado com o seu orçamento, as dificuldades regulatórias e burocráticas que o negócio exige e o conhecimento técnico educacional, como já destacado.
O ambiente de negócios que cerca a educação no Brasil não é algo simples e a regulação educacional exige uma técnica apurada de conhecimentos burocráticos que são fundamentais para que a gestão escolar se desenvolva. Por sua vez, o cuidado do gestor para com o orçamento que tem a sua disposição é uma forma de demonstrar segurança para uma evolução sustentável da instituição que ele representa, seja ela pública ou privada.
Os desafios do gestor para alinhar sua proposta ao futuro estão postos. O envolvimento com a tecnologia como ferramenta educacional é mais do que presente e sem medo de prever o futuro, estarão nos processos escolares desta e das futuras gerações como algo natural e inclusivo. Cabe ao gestor ter a capacidade de aprender, reaprender e desaprender, pois o ambiente escolar é o melhor lugar para conhecer, para descobrir e para experimentar.
Fonte: “Diário de Pernambuco”, 17/06/2019