BRASÍLIA (Reuters) – O governo central, composto por Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, registrou déficit primário de R$ 19,829 bilhões em julho, informou o Tesouro nesta segunda-feira (30). O resultado veio acima do rombo estimado por economistas de R$ 17,3 bilhões para o mês, segundo pesquisa da Reuters.
No acumulado de janeiro a julho, o déficit é de R$ 73,432 bilhões, frente a R$ 505,232 bilhões em igual período de 2020, ano que foi marcado por despesas recordes por conta do enfrentamento à pandemia de Covid-19.
Em nota, o Tesouro destacou que a evolução positiva da arrecadação tem ajudado o governo, ao passo que os gastos têm sido mais focados este ano em resposta à crise desencadeada pela pandemia de Covid-19.
Em julho, a receita líquida teve alta de 41,4%, em termos reais, sobre o mesmo mês do ano passado, a R$ 139,128 bilhões.
De um lado, a Receita Federal viu alta expressiva na arrecadação de impostos, de 42,7% no mês, um acréscimo de R$ 31,082 bilhões sobre julho do ano passado.
Mas a elevação no preço internacional de commodities também tem ajudado os cofres públicos. O governo viu um aumento de 146,7% nos ganhos com exploração de recursos naturais no mês passado sobre julho de 2020, que decorrem principalmente da participação na produção de petróleo, elevação de R$ 9,394 bilhões sobre um ano antes.
Já a despesa total do governo caiu 18,1% na mesma base de comparação, a R$ 158,957 bilhões. Em 12 meses, o rombo é de R$ 328,8 bilhões, equivalente a 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
Em nota, o Tesouro pontuou que a expectativa dos agentes de mercado, conforme boletim Prisma Fiscal, é de um déficit primário de 1,9% este ano, ante rombo de 2,6% projetado para o período no fim do ano passado.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito que o déficit ficará por volta de 1,7% do PIB este ano, caindo a 0,3% do PIB em 2022.
Em sumário sobre seu resultado, o Tesouro avaliou que a melhoria dos dados fiscais ressalta a importância de o governo ter circunscrito os gastos extraordinários com o enfrentamento à Covid-19 ao curto prazo.
“Percebe-se, com isso, que o país dispõe de capacidade de gerar melhores resultados fiscais se comparado com o período anterior à pandemia e, seguindo neste caminho, as projeções ainda devem continuar melhorando”, afirmou.
O Tesouro frisou ainda a necessidade de o país “manter o zelo e a responsabilidade” ao lidar com a melhoria do quadro fiscal.
“É preciso lembrar que essa melhoria veio do respeito a um conjunto de regras fiscais, e a manutenção desse compromisso é que fará as expectativas se realizarem em todo o seu potencial”, disse.
“Na medida em que o cenário para indicadores fiscais seja mais bem percebido, deverá se refletir em menores custos de rolagem da dívida, que por sua vez podem gerar efeitos ainda mais positivos sobre o próprio quadro prospectivo fiscal e econômico”, acrescentou.
O tom do sumário veio em linha com diversas falas públicas de Guedes e do próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que buscaram ressaltar nos últimos dias que o cenário fiscal é positivo a despeito do barulho político e das incertezas fiscais, em especiais as ligadas à pesada conta de precatórios para 2022 e ao financiamento de um Bolsa Família mais robusto.
A percepção de que a solução para os precatórios viria para acomodar medidas eleitoreiras fez o risco fiscal ser incorporado com mais força pelos agentes econômicos nos últimos dias, com reflexo na alta do dólar e no aumento das taxas longas de juros.
Fonte: “InfoMoney”, 30/08/2021
Foto: Sidney de Almeida/Getty Images
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