O governo encaminhou nesta 2ª feira (15.mar.2021) projeto de lei ao Congresso Nacional em que pede o destravamento de R$ 453,7 bilhões para quitar uma série de despesas. A União argumenta que precisa da medida porque o Orçamento de 2021 ainda não foi votado pelo Legislativo.
Hoje, esses R$ 453,7 bilhões não podem ser gastos em função da regra de ouro –regra fiscal que proíbe o governo de usar recursos obtidos de empréstimos, via emissão de títulos públicos, para bancar despesas correntes, como é o caso dos salários dos servidores.
+Salário de servidor consome 3,5 vezes o gasto com saúde
Sem a aprovação desse projeto, o governo argumenta que pode ficar sem dinheiro para pagar despesas essenciais a partir deste mês. Entre elas, destacam-se:
– folha de pagamento de servidores;
– precatórios;
– aposentadorias e pensões;
– serviços essenciais, como a operação carro pipa no semiárido.
Agora, o projeto deve ser incluído na pauta das próximas sessões do Congresso. Já o Orçamento deve ser votado até o início de abril.
O QUE É A REGRA DE OURO
Junto à meta fiscal e ao teto de gastos, a regra de ouro completa a “trindade” das contas públicas. Estabelecida pelo artigo 167 da Constituição, ela proíbe o governo de emitir dívida além da sua despesa de capital, ou seja, dos seus investimentos. Isso significa que não é permitido endividar-se para cobrir despesas correntes, do dia a dia, como salário de servidores, passagens aéreas e diárias.
A regra, portanto, tem 2 objetivos principais:
– limitar o crescimento da dívida pública;
– garantir que o endividamento venha acompanhado de aumento de riqueza.
A ideia é similar ao que acontece em uma empresa: se as dívidas forem contraídas para fazer o negócio crescer (investimentos), não será difícil arcar com os pagamentos no futuro. Se os créditos forem tomados para pagar funcionários ou a conta de luz, entretanto, é provável que o endividamento saia do controle.
Fonte: “Poder 360”, 15/03/2021
Foto:Sérgio Lima