Sistemas existem porque indivíduos precisam se sentir seguros. Seja qual for o sistema. Do mais absurdo ao mais aparentemente coerente.
E na formação de um sistema temos uma hierarquia de cargos, funções, responsabilidades, importâncias, imbecilidades, futilidades e demais componentes que preenchem e animam o ciclo e o círculo nem sempre virtuoso da vida e de seus acontecimentos.
Ao longo da história da raça humana, pois é preciso discernir entre raça e civilização, podemos verificar a alternância entre grupos de representantes que mais ascenderam e que menos estiveram no exercício do poder. Uma máxima se formou no sentido de rezar “melhor manter os porcos gordos no poder do que deixar os porcos magros entrarem e arrasarem a colheita. ”
Enfim, é a crença de que os representados, o povo, pagaria menos se mantivesse no governo do Estado quem já haveria se locupletado de valores suficientes ou ainda que viesse de famílias abastadas financeiramente e que, assim, não procurariam especular e ganhar algo a mais exercendo a administração pública, seja como eleito, indicado ou comissionado.
Diante o quadro de repulsa ao que se considerava um partido e um governo de porcos magros, pois que engordaram muito além de qualquer previsão ou expectativa causando a ruína da lavoura, a pergunta não se faz no sentido de quem se lambuza mais com a arrecadação bilionária dos tributos no Brasil, mas agora, sob nova conduta, quem se lambuza menos.
Esse é o desafio do governo interino. Lambuzar-se menos. A opinião pública, na verdade as conversas diuturnas entres familiares, amigos, colegas de trabalho, versam sobre esse tópico. Não confiam em um ex-vice-presidente eleito com quem foi expulsa do Estado em si. Mas concordam que o clima econômico melhorou e existe alguma esperança, mesmo vinda de alguém suspeito.
Não se lambuzar de forma alguma, tendo o reajuste do judiciário e outros temas como a distribuição dos ministérios e das agências ao longo dos dois anos que restam, é impossível. O âmago da questão é, portanto, quanto não se lambuzar.
Saúde e educação
O sucateamento da saúde e da educação parecem ser os setores que chamariam a devida atenção da população. A saúde é assunto que faz parte do cotidiano da pessoa. Sem um sistema de saúde eficiente, as pessoas não se dedicam ao estudo, pois que ou estão enfermos ou estão cuidando de seus enfermos, quando o Estado deveria estar fazendo isso.
E quando a saúde não traz problemas, então pais e filhos se voltam para a efetividade do Estado em fornecer a capacitação instrumental adequada. Não é preciso discorrer aqui sobre o completo abandono e descaso de ambas as áreas até o momento. Ocorre que, tendo o objetivo de conquistar a credibilidade dos eleitores e de seus dependentes, o foco deve se dar nessas duas áreas, mesmo sabendo que, no caso da educação, os frutos demoram, sempre demoram – mas fazem toda a diferença, para sempre.
O desafio maior é convencer o eleitorado de hoje e do amanhã, que essa colmeia, esse viveiro de déspotas e corruptos não lida mais com os rumos da nação. E tal função parece quase impossível. O razoável está, talvez, em conseguir ao longo desse tempo conquistar a confiança dos indivíduos com base na percepção de que se não estamos livres totalmente de quem não presta, ao menos eles não levarão o país para uma nova derrocada.
As relações internacionais também podem ajudar na busca dessa estabilização. É extremamente necessário voltar a fazer parte dos BRICS de forma efetiva, e não apenas como letra inicial. Eles abriram grande vantagem sobre nós e a China já saiu desse grupo emergente para estar entre as três maiores economias do mundo, tornando-se a maior em breve.
Diria mesmo, que o mínimo diante dessa diferença entre eles e nós, é que precisamos poder voltar a falar que somos pobres, mas limpinhos. Porque no momento, somos pobres e sujinhos – e ninguém gosta de ir na casa de gente suja.
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