Uma das maiores dificuldades da Grécia em obter mais concessões dos países com quem compartilha o euro é o fato de muitos deles terem passado por dificuldades semelhantes, terem sido socorridos e terem cumprido as condições para receber este socorro, como cortar despesas e benefícios e promover reformas para elevar a competitividade e pavimentar a recuperação.
Países como Espanha, Irlanda e Portugal passaram por duro ajuste, mas não só reduziram a dívida e os gastos públicos, como deram condições de solvência a seus governos, viabilizando seu futuro. Hoje chegam a pagar taxas entre as mais baixas de sua história para captar recursos.
A Espanha, com histórico de deficit nas transações com o exterior, passou a ter saldos positivos por causa do avanço da competitividade de seus produtos. As dores do ajuste espanhol são inquestionáveis -o desemprego passa de 25%-, mas toda essa dor está gerando uma Espanha mais competitiva, capaz de produzir crescimento e, no futuro, empregar e melhorar a vida da população. A alternativa seria enfrentar a dor da insolvência sem a recompensa futura.
[su_quote]Os gregos, portanto, estão enfrentando a realidade. Gastar dinheiro e aumentar a dívida é fácil[/su_quote]
Já a Grécia optou por eleger governo populista que propôs a negação completa do ajuste ao mesmo tempo em que solicitou mais ajuda dos países europeus para sustentar programas sociais que não consegue pagar com seus recursos.
Mas os outros europeus se recusam a bancar a prodigalidade do povo grego. Como ouvi recentemente de um indignado taxista na Alemanha, país que fez duro ajuste pós-reunificação: “Se eu aceitei que minha aposentadoria fosse adiada, por que tenho de pagar para um grego se aposentar vários anos antes de mim?”.
Diante do impasse, a Grécia ameaçou sair do euro, com os custos que isso acarretaria à Europa. Mesmo assim, seus colegas de moeda não mostram sinais de ceder, e Atenas começou a negociar, forçada pelos custos brutais que a falência teria ao povo grego. O ministro da economia grego é especialista em teoria dos jogos, mas o blefe nem sempre resolve.
Os gregos, portanto, estão enfrentando a realidade. Gastar dinheiro e aumentar a dívida é fácil. O problema é pagar. Como dizia Garrincha, é preciso combinar a jogada com os russos. No caso, alemães, franceses, espanhóis, portugueses, irlandeses…
Caso obtenha um acordo, o governo grego terá de explicar à população que precisarão fazer muitas coisas diferentes do que foi anunciado na campanha. De qualquer maneira, a lição é clara e serve para todos: é preciso combinar com os credores se queremos gastar mais do que produzimos.
Fonte: Folha de S. Paulo, 24/5/2015
Todos querem ter do bom e do melhor, porém ninguém quer ceder ou sacrificar, o sacrifício doe a lágrimas, tristeza e dor, porém é a única saída para a estabilidade financeira; temos como exemplo a Coreia do Sul onde seus povos sacrificaram tudo por um futuro melhor e conseguiram há vários exemplos que podemos seguir, não adianta pensarmos em comer bem agora e no futuro próximo não comer nada, às vezes é preciso deixar de comer agora para que todos possam se alimentar e se desenvolverem. A verdade é que todos tem direito mas temos que serem cautelosos, na época da vaca gorda nós brasileiros esbanjamos agora que a vaca emagreceu queremos cortar tudo, bom antes tarde do que nunca, mas podia ter sido diferente, na ocasião cortaríamos os gastos para o futuro sem doer, agora somos obrigados a cortar, assim é a Grécia, ou corta por bem, ou corta por mal.