A greve que os petroleiros anunciaram é um movimento político. Nada tem a ver com o direito de greve, pois não envolve reivindicação de salários e benefícios. Parece ter por objetivo enfraquecer o governo, talvez imaginando que o agravamento da crise de abastecimento possa reduzir ainda mais a popularidade de Michel Temer.
O movimento exige a demissão do presidente da Petrobras. Trata-se de uma arrogância inacreditável. O presidente Temer jamais poderia ceder a uma chantagem dessa envergadura. Seria melhor renunciar ao cargo, pois se atendesse a tal demanda teria perdido o pouco que lhe resta de comando do governo e do país.
Outra exigência absurda é a da revogação da política de preços da Petrobras e a redução dos preços do gás de cozinha e da gasolina. Os petroleiros parecem desejar o retorno do desastroso controle de preços do governo Dilma, que quase quebrou a empresa, infligindo-lhe bilhões de reais de prejuízos.
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Isso é uma demonstração de ignorância que beira a estupidez. A volta do controle de preços dos combustíveis, associada à redução de preços de produtos da empresa, poderia levá-la à bancarrota. A medida interromperia boa parte de seu acesso ao crédito local e estrangeiro. Garroteada em suas finanças, a Petrobras poderia ficar impossibilitada de cumprir seus compromissos e, assim, de pagar os funcionários que o Sindicato dos Petroleiros imagina defender.
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Por fim, a greve, caso deflagrada, constituiria demonstração inequívoca de oportunismo. Os petroleiros provavelmente imaginam que o movimento, ao prejudicar ainda mais uma sociedade indefesa diante da greve dos caminhoneiros, poria de joelhos o governo, o que beneficiaria o PT, com o qual se aliam, acarretando a derrota dos candidatos que julgam ser seus inimigos políticos.
Por tudo isso, é lícito afirmar que a greve prometida pelos petroleiros tem característica marcadamente ilegal.
Fonte: “Veja”, 29/05/2018