O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na noite de terça-feira, 20, que o governo deve anunciar nesta quarta-feira, 21, a privatização de 17 empresas. “E nós achamos que vamos surpreender. Tem gente grande aí que acha que não será privatizado e vai entrar na faca”, disse o ministro, que afirmou em seguida que “ano que vem tem mais”.
“Nós vamos seguir (com as privatizações), é um tempo bom, vai dando certo. Achamos que quatro anos é um tempo bom, faltam três anos e meio, dá tempo ainda”, disse o ministro. “Essa fusão da Embraer com a Boeing é um negócio extraordinário. Se conseguirmos fazer mais duas ou três grandes fusões de grandes empresas brasileiras”, disse.
O Estadão/Broadcast apurou que o governo deve anunciar nesta quarta a contração de estudos para avaliar o futuro de pelo menos cinco estatais: Correios, a Telebrás, a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), o Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) e a Empresa Gestora de Ativos (Emgea). Os estudos vão avaliar se as empresas deverão ser privatizadas ou liquidadas.
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A privatização dos Correios necessariamente precisa passar pelo Congresso. A empresa tem monopólio dos serviços postais e do correio aéreo nacional (serviço postal militar) totalmente assegurado pela Constituição. Em relação às outras quatro empresas não há essa exigência.
Dentro do governo há quem defenda que os Correios sejam desidratados, por meio da criação de parcerias com a iniciativa privada, formando joint ventures em que a estatal seria minoritária. Esse modelo é mais fácil de ser tocado, segundo fontes, já que não exigiria a aprovação de uma proposta de emenda constitucional (PEC), que exige o apoio de três quintos dos parlamentares em dois turnos de votação.
Embora o futuro dessas empresas ainda não esteja definido, pelo menos para a ABGF a proposta será de desestatização.
Encontro para discutir situação da Eletrobrás
Guedes se reúne na manhã desta quarta com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e líderes da Câmara dos Deputados, incluindo o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O tema do encontro é o projeto de desestatização da Eletrobrás.
O governo do presidente Michel Temer enviou um projeto de lei ao Congresso sobre a venda, que ainda não foi votado, e o governo atual cogita o envio de outro projeto. Em conversa com investidores na terça, Albuquerque disse que gostaria que o processo de saída do controle da Eletrobrás ocorresse este ano e adiantou que, se a opção for tratar do assunto no projeto que já existe, serão necessários aperfeiçoamentos no texto.
Na reunião, eles também devem tratar do ressarcimento de R$ 3,5 bilhões da União à Eletrobrás pela energia consumida na Região Norte. A MP 879, que autorizava o repasse, foi rejeitada pela Câmara e a expectativa é a de que o governo envie um PL para tentar garantir esse pagamento.
Conversa com o Senado
Ainda na terça , Paulo Guedes disse ter saído positivamente surpreso de conversa que teve com lideranças do Senado em relação a prazos para a reforma tributária e para a proposta de pacto federativo.
Ele contou que chegou para a reunião com uma previsão de que a reforma tributária levasse de cinco a seis meses para ser votada e que o pacto levaria de oito meses a um ano. No entanto, os senadores lhe disseram esperar concluir tudo em dois a três meses. “Eu saí de lá assobiando”, afirmou o ministro. “Foi uma conversa extraordinariamente positiva.”
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O ministro, que participou de evento de premiação de empresas em São Paulo, quis compartilhar com os presentes um pouco do que tem sido sua experiência em Brasília. Segundo ele, a capital federal tem “muito ruído”, porque “dá emoção”, mas ressaltou que os sinais são muito bons. “O que vejo em Brasília é muito diferente do barulho, não é isso o que está acontecendo”, disse.
Guedes disse que tem visto os parlamentares com vontade política para realizar mudanças. “Estamos contrariando a expectativa de que seria um governo sem sustentação parlamentar”, afirmou o ministro, em referência ao andamento da agenda econômica no Congresso, sem deixar de dar o mérito para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Fonte: “Estadão”