O ministro da Economia, Paulo Guedes, diz que não podemos cair novamente “na armadilha de baixo crescimento e endividamento em bola de neve”. Isso pode ser feito se o aumento das despesas orçamentárias forem entendidas como extraordinárias em 2020, e não algo permanente. “Temos três fontes de despesas: a previdência está controlada e os juros estão baixos. Agora, estamos assistindo à luta contra o aumento [dos valores] do funcionalismo público que cresceram acima da inflação”, afirma o ministro em live promovida pelo Itaú BBA.
Guedes tem sido enfático nesse ponto: ele propõe o congelamento dos salários do funcionalismo público em 2020 e 2021. “Se o presidente [Jair Bolsonaro] vetar [o reajuste] como anunciou como faria, pode ser que a gente continue trilhando para o equilíbrio fiscal”, afirma.
Segundo o ministério, ainda é possível que a economia retome a sua pujança. O cenário-base ainda é de uma saída em “V”, isso porque é uma economia flexível: o Brasil perdeu apenas 1 milhão de vagas de trabalho, enquanto os Estados Unidos bateram o maior desemprego da história.
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A retomada da economia vai se dar pelo “caso clássico” de recuperação com crescimento do crédito a dois dígitos – crédito imobiliário, para consumo e para empresas. Isso vai acontecer, porque os juros estão baixos. Além disso, vai haver a volta dos investimentos privados nacionais e internacionais em setores de óleo e gás, elétrico e infraestrutura. “Para isso, precisamos de marcos regulatórios”, diz. “Levantar o PIB apenas com investimentos públicos é querer se levantar pelo suspensório ou pelo cinto. Não dá.” Guedes lembra que o marco do saneamento está no Senado e que o de gás está pronto também.
Nesse sentido, se houver uma retomada em “V”, os mercados devem recuperar o apetite no segundo semestre. “Fizemos um levantamento de 159 empresas e subsidiárias que podem ser privatizadas. Em vez de fazer [privatização] de todas, vamos escolher três ou quatro grandes empresas para privatizar no segundo semestre”, diz.
O ministro cita a Eletrobras – que no ano passado foi avaliada em 16 bilhões de reais -, os Correios e a Pré-Sal Petróleo (PPSA), que atua nas frentes de gestão dos contratos de partilha de produção, gestão da comercialização de petróleo e gás natural e a representação da União nos acordos de individualização da produção. “Essa a gente avaliou em 200 bilhões de reais.”
“O setor privado será o motor do crescimento; o setor público fez isso nos últimos 30 anos e o final está sendo melancólico.”
Fonte: “EXAME”