O ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu, nesta quinta-feira, uma “redução drástica” de despesas do governo federal em 2021, após a ampliação nos gastos neste ano para combater o novo coronavírus e seus efeitos econômicos.
Falando em inglês num evento organizado pela Fundación Internacional para la Libertad, Guedes afirmou que o governo gastou o equivalente a 10% do PIB em 2020 com programas de assistência por conta da pandemia.
— O déficit seria de 1% do PIB neste ano, mas vai chegar a 11% do PIB. Em 2021, voltamos à trajetória fiscal e reduzimos drasticamente o gasto — disse o ministro.
Em 2020, a previsão do governo é que o rombo nas contas públicas supere a marca de R$ 800 bilhões. A fala do ministro foi feita num momento em que cresce, dentro do governo, as pressões por mais investimento público.
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Nas últimas semanas, tem aumentado a pressão de uma ala do governo por mais despesas com obras públicas como forma de aquecer a economia e pavimentar o caminho para a campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022.
Os pedidos por aumento de gastos partem de ministros como Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura).
Como vem repetindo, Guedes afirmou que a economia brasileira estava “decolando” antes da pandemia, e disse que o governo gastou mais que o dobro da média dos países emergentes com ações de combate à pandemia.
Ao citar o vencedor do Nobel de literatura Mario Vargas Llosa, que preside a instituição organizadora do evento, o ministro afirmou que a agenda liberal do governo de Jair Bolsonaro não foi alterada pela crise.
O ministro afirmou que o governo vai fundir “três ou quatro” programas sociais “que não funcionam” para criar o Renda Brasil, que o governo desenha para substituir o Bolsa Família. Esse programa, afirmou Guedes, vai adicionar 6 milhões de pessoas às 20 milhões que hoje recebem o Bolsa Família.
Privatizações como estratégia
Guedes disse também que o governo irá propor, em até 60 dias, a privatização de “três ou quatro” grandes empresas públicas.
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— Eu acho que o Congresso estará ao nosso lado — afirmou, sem citar o nome das empresas a serem vendidas.
Segundo o ministro, as privatizações são uma estratégia para melhorar as contas públicas e o perfil da dívida do país.
— Temos menos tempo, perdemos um ano em termos de espaço fiscal, mas ganhamos milhões de vidas, a economia continuou com os sinais vitais preservados — disse Guedes.
O ministro reafirmou que o governo não mira aumento nas receitas com a reforma tributária. E defendeu que a redução dos encargos trabalhistas está por trás do novo imposto sobre pagamentos eletrônicos estudado por equipe.
— O novo imposto está sendo desenhado e estudado exatamente para substituir o imposto cruel sobre o trabalho que produziu 40 milhões de invisíveis nas ruas no Brasil — afirmou.
Guedes afirmou que não haverá aumento das receitas tributárias no país em função das iniciativas pensadas na reforma tributária e pontuou que, caso isso aconteça, as alíquotas serão reduzidas de imediato.
Fonte: “O Globo”