Começando nesta quarta-feira, em Johannesburgo, na África do Sul, a cúpula do bloco de países emergentes Brics – formada pelo país, Brasil, Rússia, Índia e China – será a primeira desde o início da guerra comercial entre os chineses e os Estados Unidos de Donald Trump. A expectativa é que os Brics manifestem seu apoio aos órgãos de arbitragem internacional, por vezes desrespeitados pelos americanos, em especial a Organização Mundial do Comércio (OMC), hoje dirigida por um brasileiro, Roberto Azevêdo.
“Há temas importantes que serão tratados na declaração pelos líderes. Eu destacaria a defesa do multilateralismo, em função do que ocorre hoje no mundo, tensão sobre as organizações multilaterais, em particular sobre a OMC”, disse o subsecretário-geral da Ásia e do Pacífico e responsável pelo Brics no Itamaraty, o embaixador Henrique Sardinha Pinto.
Veja mais:
Fernando Gabeira: Livrai-nos de tanta loucura
J.R. Guzzo: Outro mundo
José Pio Martins: A vitória segue a renda
Segundo ele, é uma preocupação do Brasil e dos parceiros do grupo fazer uma manifestação “bastante firme e segura” em defesa dos princípios que norteiam o multilateralismo. Ele nega que esse seja um pedido da China para os demais, como havia dito, ainda no Brasil, o ministro Kenneth Félix da Nóbrega, diretor do Departamento de Mecanismos Inter-regionais do Itamaraty.
A crítica a medidas protecionistas, como as taxações mais altas de produtos importados adotadas por Trump, não é nova no Brics, mas essa será, no entanto, o primeiro comunicado conjunto após o início da guerra comercial que travam as duas maiores potências do planeta.
Crescimento
O ministro do Comércio e Indústria da África do Sul, Rob Davies, falou sobre as expectativas para a cúpula nesta terça. Davies exaltou o “enorme crescimento” da economia do Brics nos “últimos anos”, ressaltando que, em uma década, o bloco passou de 12% para 26% do PIB mundial. Ele também defendeu “aprofundar e fortalecer a colaboração em nossos países”.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, será o primeiro chefe de estado a falar, seguido pelos presidentes do Brasil, Michel Temer, da China, Xi Jinping, e do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O presidente russo Vladimir Putin não deve participar da primeira sessão e é esperado apenas na quinta-feira.
Fonte: “Veja”