Em entrevista exclusiva ao portal “IG”, o economista e membro do Instituto Millenium Gustavo Franco falou sobre as perspectivas da economia brasileira com a crise na Europa, criticou a política econômica nacional e comentou o livro “Dinheiro e magia“, de Hans Christoph Binswager, no qual assina o prefácio e o posfácio. Gustavo também afirmou considerar mesquinha a negociação do governo para obter maior participação no Fundo Monetário Internacional (FMI) como condição para o empréstimo aos países europeus prejudicados com a crise.
O economista não acredita em maiores problemas para o Brasil com a crise no velho continente: “O fato de a Europa ficar estagnada nos próximos dez anos vai mudar muito pouco a nossa perspectiva, já que o que faz o Brasil ficar meio trancafiado num crescimento baixo não tem nada que ver com a Europa, tem que ver com coisas nossas mesmo. Desde que não haja um episódio agudo de crise, como foi o último trimestre de 2008, a crise europeia não vai ter maior impacto aqui no Brasil.” Ao ser questionado sobre um possível caminho para a solução, Gustavo é otimista: “A Europa está convergindo para a solução, sim. A dificuldade é a velocidade. É uma dificuldade que tem que ver com a própria construção europeia, supranacional, mas também é um modo de ver a dificuldade decisória naturalmente produzida pela democracia.”
Gustavo Franco também se demonstrou preocupado com a inflação e criticou a política econômica do país: “Temos uma política fiscal excessivamente expansionista, com taxa de crescimento do gasto público muito alta. Para compensar essa distorção, temos que praticar as maiores taxas de juros do mundo. Isso cria a armadilha do crescimento baixo. Mas se nós tentarmos sair dessa armadilha mexendo para baixo nos juros sem alterar a política fiscal, vamos provocar mais inflação e não vamos gerar um crescimento que não seja uma espécie de voo de galinha.”
Sobre o empréstimo ao FMI, o economista acredita ser importante, além de um sinal de amadurecimento, mas criticou a negociação do Brasil para conseguir maior participação no órgão internacional: “O Brasil pode e deve participar. Se esse é realmente um país maduro que se julga inclusive com a maturidade que transcende a economia, a ponto de pleitear um assento no Conselho de Segurança da ONU, não deveria criar qualquer obstáculo para participar de forma produtiva para um esforço como esse.”
Gustavo Franco falou ao Instituto Millenium sobre “Dinheiro e Magia”. Ouça!
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Fonte: portal IG
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