Avaliando a trajetória da moeda pelo viés institucional, o empresário considera o evento de hiperinflação brasileira como o mais perverso da economia mundial. Franco desmitifica o aumento do consumo, tão alardeado como problema para o crescimento da inflação no país, e concentra a preocupação no gasto público e no uso político da moeda: “Aceitamos o governo gastar mais do que arrecada com uma naturalidade imensa, como se isso fosse parte da vida, e não é não. Isso é parte da doença que nos levou à hiperinflação.”, analisa.
O empresário alerta: “Hoje existe uma desconexão entre receita e despesa porque as instituições brasileiras que regulam o orçamento público são fracas”.
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Por Maria Fernanda Macedo
Instituto Millenium: O nome da sua palestra na Casa do Saber Rio é “A incrível história da moeda e da hiperinflação do Brasil”. O que é incrível nessa trajetória?
Gustavo Franco: É incrível (a trajetória) porque é muito singular, é uma economia que tem oito padrões monetários em menos de meio século. E eu não sei se existe outra moeda nesse planeta que tenha tido essa trajetória, no meio da qual existe um episódio de hiperinflação e sucessivos congelamentos de preço simultâneos, mais a mudança de padrão monetário, com geralmente cada um deles trazendo um evento de default da dívida interna.
É uma experiência absolutamente singular que eu procuro observar do ângulo institucional, do ângulo das leis, com o intuito de observar a fraqueza institucional, na definição do que é dinheiro e do uso que o Estado pode fazer do dinheiro: é o que está na raiz de todo esse episódio. Esse é o tema central da palestra.
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