Há um setor da economia brasileira que vai muito bem, tem batido recordes de produção e de produtividade e gerado aumentos substanciais de emprego e lucratividade.
Esse setor é o agronegócio. Sua força e resiliência oferecem lições importantes ao país neste momento de queda da produção, do emprego e da renda. E não se trata aqui de um nicho de mercado ou área isolada da produção nacional, mas de setor basilar e capilar de nossa economia, responsável por boa parte do comércio exterior brasileiro.
Quais são os ingredientes dessa exceção benigna? Eles podem ser replicados em outras áreas de nossa economia?
Em primeiro lugar, o país tem vastas áreas de terras disponíveis, que, graças ao desenvolvimento tecnológico e científico capitaneado pela Embrapa, tornaram-se aptas à produção intensiva.
A essa grande disponibilidade de terras, somaram-se investimentos eficazes na mecanização da colheita e em produtividade, que trouxeram resultados impressionantes. Políticas adequadas e bem aplicadas nas áreas de crédito agrícola também foram fundamentais para o sucesso desse setor.
Mas todo esse movimento só foi possível graças ao modelo de livre mercado e competição, que estimulou agricultores brasileiros a migrarem para o Centro-Oeste e outras regiões do país levando junto com eles know-how, tecnologia e espírito empreendedor.
Eram produtores pequenos que passaram a trabalhar áreas maiores, num grande exemplo do dinamismo da iniciativa privada no desenvolvimento de áreas fundamentais da economia.
Diferentemente das commodities energéticas ou metálicas, os produtos agrícolas contam com um consumo consistente ao redor do mundo, bem menos sujeito a mudanças conjunturais ou regionais. Além disso, como já comprovado ao longo de décadas, o setor agrícola brasileiro permanece lucrativo sob diferentes regimes e taxas de câmbio.
Em resumo, o sucesso do agronegócio é um exemplo extraordinário de realização do grande potencial econômico brasileiro.
Ele mostra o que podemos alcançar com investimentos de longo prazo em ciência e tecnologia voltados a desenvolver recursos importantes do país, conjugando o fator físico (a terra) com o fator humano (o agricultor), dentro de uma estrutura adequada de livre competição que aproveite a capacidade de trabalho, a criatividade e a disposição de progredir da população brasileira e do produtor, seja ele micro, pequeno, médio ou grande.
É um caminho a ser seguido em diferentes setores e que deveria inspirar os formuladores de política econômica do país.
Fonte: Folha de S.Paulo, 27/03/2016.
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