A economia brasileira viveu nos últimos anos uma fase de bonança, sendo que a principal causa disso foi exógena: leia-se, a China. O acelerado crescimento chinês puxou o preço das commodities, e como Deus é brasileiro, isso é o que não falta por aqui. Para completar o belo quadro, os países desenvolvidos mantiveram suas taxas de juro perto de zero, o que levou os investidores a uma busca desenfreada por oportunidades em países emergentes.
Com nossas exportações “bombando”, e com investidores estrangeiros chamando até urubu de “meu loiro”, criou-se o cenário perfeito para o clima de euforia com o Brasil. O crédito se expandiu de forma muito acentuada, e o consumo seguiu a mesma toada. Em pleno emprego, os brasileiros puderam dar entrada na casa própria financiada, trocar de carro e comprar a nova televisão. A festa parecia não ter fim. A popularidade do governo foi às alturas.
Mas como tudo que é bom demais para ser verdade um dia acaba, o cenário sofreu graves alterações recentemente. O crescimento chinês não é mais o mesmo, e os gringos perderam o encanto com o Brasil, cuja economia apresenta crescimento medíocre. O modelo de consumo calcado em crédito se esgotou. Não é mais possível simplesmente apelar para estímulos artificiais do governo. O brasileiro ficou endividado demais.
É chegado o momento, então, de encarar a dura realidade. Aqui o governo terá basicamente duas alternativas: 1) fazer o dever de casa, partir finalmente para reformas estruturais e reduzir o chamado Custo Brasil; ou 2) fingir que nada mudou e insistir em novos estímulos pontuais.
No primeiro caso, a simplificação tributária e a flexibilização das leis trabalhistas, alinhadas ao desentrave burocrático para o setor privado investir na infra-estrutura, fariam o país ter um choque de produtividade e prolongar a fase boa. No segundo caso, podemos postergar os ajustes necessários, mas não sem agravá-los, ampliando o sofrimento futuro e despertando o dragão inflacionário. Com a palavra, o governo.
Fonte: site “4insiders”
Otimo artigo, nao sou muito fa de economia mais este me foi compreensivo e direto. muito bom a forma de abordagem de Rodrigo Constantino.