O IBGE pode rever sua posição de adiar a divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. A presidente do IBGE, Wasmália Bivar, enviou boletim interno aos funcionários nesta terça-feira, explicando os motivos da suspensão da pesquisa e admitindo que a direção pode reavaliar a decisão:
“O Conselho Diretor se comprometeu a analisar essa proposta (dos técnicos para manter o cronograma de divulgação da Pnad) para, com base nela, então reavaliar as decisões envolvendo a Pnad Contínua e suas divulgações”, diz o informe assinado pela direção.
A medida provocou a demissão da diretora de Pesquisa, Márcia Quinstlr, e ameaça de demissão de coordenadores e até carta aberta dos pesquisadores do instituto que se insurgiram contra a interrupção da Pnad Contínua e críticas de políticos da oposição.
Sobre a crise no instituto, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse que cabe ao IBGE, órgão subordinado à pasta, definir se a suspensão deve ser mantida e garantiu que o IBGE tem plena autonomia para tomar decisões sobre as pesquisas que realiza:
— O que eu quero é que o IBGE me diga o que tem que fazer e quando — afirmou.
A informação de que se abriu um caminho para se negociar a retomada do levantamento não foi suficiente para apaziguar os ânimos no instituto. Cerca de 20 técnicos se reuniram com a direção do IBGE e, segundo uma técnica que esteve no encontro e não quis se identificar, o grupo não alterou sua posição de que a pesquisa é sólida e que não há necessidade de se rever as margens de erro da Pnad, conforme questionou a senadora Gleisi Hoffmann em requerimento enviado ao Ministério do Planejamento, afirmando que até os governadores que forem eleitos devem ser ouvidos.
— Reforçamos que as variáveis têm qualidade estatística e que não é preciso revisão da metodologia — diz a técnica.
Desemprego não preocupa
Miriam rechaçou insinuações de que a suspensão da Pnad Contínua teria ocorrido porque a pesquisa mostrou uma taxa de desemprego maior que a Pesquisa Mensal de Emprego (7,1% contra 5,4%):
— Se tem uma coisa com a qual esse governo não se preocupa são dados de emprego. (…) Qual seria o interesse do governo de evitar uma discussão sobre emprego? A população desse país sabe quem criou emprego.
Ela admitiu que o governo reduziu o orçamento do instituto — de R$ 2,1 bilhões para R$ 1,8 bilhão — em 2014 por causa de restrições fiscais.
Por sua vez, o Sindicato de Servidores do IBGE (Assibge) divulgou nota com duras críticas à direção e convocou manifestações pela autonomia técnica do IBGE, concursos e melhores salários em vários estados. No Rio, os funcionários farão manifestação a partir 10h em frente ao prédio do IBGE na Avenida Chile, onde fica o Departamento de Pesquisas. A expectativa dos sindicalistas é que os cerca de 1.200 funcionários paralisem as atividades durante o ato.
“Não é mais possível conviver com a incompetência da atual direção do IBGE e com sua subserviência às políticas de governo, nem com a hierarquização em estruturas de comando rígidas e autoritárias”, disse o sindicato na nota.
Fonte: O Globo
No Comment! Be the first one.