O ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco fez elogios aos nomes anunciados nesta terça-feira (17/05) pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para a presidência do BC e outros cargos da área econômica do governo. “Se pensarmos nos nomes que estavam nessas posições semanas atrás, pode-se dizer que é um ‘dream team’, foi uma mudança da água para o vinho”, disse, durante palestra no complexo educacional FMU, em São Paulo. Na avaliação de Franco, o economista Ilan Goldfajn, indicado para o comando do BC, “é nome da mais alta qualificação”.
O ex-presidente do BC, no entanto, evitou dizer se Goldfajn deve ou não acelerar o processo de redução da Selic, a taxa básica de juros. Sugeriu, mesmo assim, que o momento adequado para a queda da Selic tem se aproximado. “Passada essa próxima reunião (do Copom, em junho), já tem gente que acha que o tema está ficando maduro”, disse. Sobre os demais nomes anunciados por Meirelles, Franco afirmou que se trata de uma equipe “com um viés fiscal muito claro”, citando os economistas Carlos Hamilton (Secretaria de Política Econômica), Mansueto Almeida (Secretaria de Acompanhamento Econômico) e Marcelo Caetano (Secretaria da Previdência). Para ele, isto é um bom sinal, uma vez que o ajuste fiscal é o principal desafio do governo de Michel Temer.
CPMF
Gustavo Franco afirmou também que é possível fazer o ajuste fiscal sem voltar com a CPMF. “Nós tivemos superávit primário durante vários anos e, desde então, não tivemos uma nova Constituição que pudesse explicar o aumento do gasto. O que houve foram invenções da Dilma (Rousseff, presidente afastada). É só tirar os gastos que ela inventou”, disse. Franco fez questão de ressaltar que, quando se trata de tomar decisões sobre reduzir despesas do governo ou elevar impostos, o protagonista deste debate não deve ser o ministro da Fazenda, mas sim o Congresso. “A melhor coisa que o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) pode fazer é dizer ao Congresso que nós devemos reduzir despesas, mas se o Congresso não o fizer, só resta aumentar impostos. O que não pode é ficar sem fazer nem uma coisa nem outra. Se o Congresso não faz nenhuma das duas, estará se omitindo e aumentando a dívida pública”, explicou.
Privatização
O ex-presidente do Banco Central afirmou também que a crise econômica é resultado de uma sucessão de erros do governo e a solução do impasse passa principalmente pela redução da dívida pública. “O que vamos fazer para reduzir a dívida? Eu sei que uma das respostas começa com ‘P’ e termina com ‘privatização’, uma palavra que virou politicamente incorreta”, disse. Franco disse que a privatização tem de ser uma saída quando as empresas públicas rendem menos do que a taxa de juros. “É ter prejuízo, é carregar dívida que custa 14,50% ao ano, vale a pena repensar que tipo de patrimônio o Estado carrega”, afirmou.
Além disso, Franco argumentou que a iniciativa privada é mais eficiente na gestão de empresas do que o setor público. “O setor público funciona muito mal e corruptamente”, afirmou. Franco disse ainda que o desafio do novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é semelhante ao do então ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso. Segundo Franco, em ambos os casos o lado fiscal foi um problema, com a necessidade de refinanciar as dívidas dos Estados com a União.
Fonte: Época Negócios.
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