O Instituto Millenium realizou nesta quarta-feira, dia 31 de outubro, o evento “Economia verde: exemplos de empresas orientadas para a sustentabilidade”, na Fecomercio-SP. Foram apresentadas iniciativas de desenvolvimento sustentável no país. Cases de sucesso mostraram como agir com transparência, produtividade e resultado, sem deixar de lado a preocupação com o impacto de suas atividades para o meio ambiente, estimulando pesquisas e investimentos na área.
Na abertura, José Goldemberg, ex-ministro do Meio Ambiente e presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fecomercio-SP, deu boas-vindas aos participantes e destacou a importância do evento: “A Fecomercio está muito alinhada aos pensamentos do Imil. Ficamos muito felizes em apoiar esta iniciativa”. Goldemberg afirmou que na época da Rio 92 todos imaginavam que a mudança em direção a uma sociedade mais sustentável viria do topo, das altas esferas governamentais. O ex-ministro lembrou que, “passados 20 anos, não se pode mais esperar por isso: A mudança precisa do apoio de todas as esferas da sociedade”.
No primeiro painel, “Case study: Suzano, Natura e Ambev”, os representantes das empresas mostraram como estão estimulando investimentos em sustentabilidade. O cientista político e especialista do Instituto Millenium Eduardo Viola disse que um evento como esse seria “impensável há 10 anos”.
Em sua apresentação, Alexandre Di Ciero, gerente executivo de sustentabilidade da Suzano Papel e Celulose, alertou que cada vez mais os consumidores vão pautar suas compras “na análise da pegada de carbono” e destacou que “o solo é o maior patrimônio da Suzano”. Di Ciero informou que a empresa trabalha com a certificação FSC (Forestry Stewardship Council) em toda a cadeia: “Temos hoje 72 propriedades de fornecedores FSC. A empresa que não tem o selo perde competitividade. O cliente exige”, explicou. O painelista lembrou que a Suzano é pioneira na medição da quantidade de CO2 que emite: “É uma política presente em toda a cadeia produtiva, desde o plantio até a comercialização”.
Natura
Denise Alves, diretora de sustentabilidade da Natura, lembrou que a empresa foi a primeira a lançar produtos com refil. Segundo ela, a escolha dos fornecedores passa por avaliação criteriosa de sustentabilidade: “A Natura reduziu emissões de carbono em 25,4% desde 2006”.
A representante ressaltou ainda que o “Compromisso 2020” é gerar negócios de biodiversidade na Amazônia: “Queremos aumentar de 10% para 30% o consumo de insumos produzidos na região”. Alves ressaltou ainda que a empresa quer fomentar a pesquisa nas universidades da região. “Queremos transformar a Amazônia no Vale do Silício brasileiro”, explica.
Ambev
Ricardo Amorim, diretor de relações socioambientais da Ambev, afirmou que a missão da empresa é levar a economia verde para dentro das casas: “É preciso o engajamento de todos”. Ele diz que bater metas de conservação da água é fundamental para a política ambiental da Ambev.
Mércia Cristina Guimarães, especialista de meio ambiente, também da empresa de bebidas, disse que a conservação de água é uma meta importante para a companhia. “Tivemos 34 grandes iniciativas de diminuição do uso da água em 2011. Hoje temos uma economia anual de 1.385.000 m3 de água”.A painelista acrescentou que, antes de reciclar, a empresa quer também reduzir o uso de materiais.
Sustentabilidade x desenvolvimento
Mariana Meirelles, vice-presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento e mediadora do painel “Sustentabilidade X desenvolvimento”, abriu o segundo ciclo de debates explicando que a economia verde é só um instrumento para se chegar a uma sociedade sustentável. Não é uma substituição.
Para Pedro Moura Costa, sócio-fundador da Bolsa de Valores Ambientais do Rio de Janeiro (BVRio), associação sem fins lucrativos, o setor verde é interessante economicamente. “O setor de baixo carbono envolve 9000 empresas e gera 160 mil empregos em Londres”. O palestrante abordou as várias formas de trabalhar com a economia verde, seja com créditos de sequestro de carbono, créditos de conservação florestal e cotas de reserva ambiental. Para Costa, o maior desafio à combinação desenvolvimento e sustentabilidade é cultural: “Ainda existe uma resistência à mudança”.
Ivan Tomaselli, diretor presidente da STCP Engenharia de Projetos Ltda, empresa de consultoria ambiental, afirmou que a sustentabilidade é uma questão inerente a qualquer atividade, seja ela pública ou privada.” A competitividade é fundamental para assegurar a sustentabilidade”, conclui.
Para João Accioly, diretor-presidente da Bio100 Agroindustrial S.A, empresa que trabalha com um portfólio de agricultura, óleos vegetais e energia, a sustentabilidade está ligada à maximização do uso do espaço. “As fazendas da empresa têm cerca de 40% de cobertura vegetal”.
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