“A novidade é contracionista. A incerteza é maior. Abala a confiança. Afeta o investimento. Aperta o crédito. A tendência é que o nível de atividade vá enfraquecer. O quanto vai enfraquecer depende da velocidade com que se consiga sair dessa situação. Enquanto ficar a sensação de que as coisas podem mudar, de uma hora para outra, e ninguém sabe para onde, mais a economia vai sentir. A incerteza é o problema: não saber quem será o presidente, se o Temer fica ou sai. Agora temos essa indefinição. Quando resolver, é mais simples. Vai para o preço. A vida volta ao normal. É claro que, se Temer permanecer, e não tiver força para aprovar as reformas, o cenário piora.
Basicamente, temos três cenários. Temer não renuncia, mas não consegue se reerguer politicamente. Avançamos para alternativas que possam afastá-lo, como o impeachment. Vai ser muito ruim. É o pior cenário. No polo oposto, surge um novo imprevisto, agora favorável a Temer. Ele se recupera. Aprova as reformas. No meio termo, temos a alternativa de que ele renuncia. Elege-se um novo presidente indiretamente. Dificilmente terá força para aprovar reformas. É o cenário de empurrar com a barriga. A vantagem é que já não estamos tão longe das eleições. Pode ser alguém que pelo menos toque o barco até 2019.
O problema é que a reforma da Previdência é essencial. Ela não é um discussão de preferência ideológica ou política. Fernando Henrique Cardoso fez. Lula também fez. Dilma tentou fazer. Sem essa reforma, vai ficar ruim para qualquer um na presidência. A situação fiscal será complicada, vai pressionar a taxa de juros e gerar um ambiente econômico muito adverso.”
Fonte: “O Estado de S. Paulo”, 21 de maio de 2017.
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