O empreendedorismo e o mercado da inovação são fundamentais para o desenvolvimento econômico de um país que se preocupa com a competitividade global. É neste cenário que as incubadoras de empresas se mostram necessárias para impulsionar a livre iniciativa e a capacitação de jovens que promovem inovação tecnológica e fazem parte de uma fatia já relevante na economia brasileira.
De acordo com o estudo Taxa de Sobrevivência das Empresas no Brasil, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 27% das micro e pequenas empresas brasileiras fecham as portas antes do segundo ano de atividade. O papel das incubadoras é desenvolver e apoiar esses empreendimentos nas primeiras etapas de funcionamento.
O professor de Economia José Eduardo Amato Balian, coordenador da Incubadora de Negócios da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), destaca a importância das incubadoras para o mercado: “Pesquisas têm demonstrado que em cerca de 10 anos 35% a 40% dos brasileiros trabalharão como profissionais liberais ou empreendedores. Desta forma, o ensino e o incentivo ao empreendedorismo se torna de suma importância”, afirma.
Balian explicou ao Imil a necessidade das incubadoras na universidade: “Cerca de 30% dos nossos alunos são filhos de empresários. O empreendedorismo está de certa forma no DNA do nosso estudante. Sendo assim, resolvemos criar mecanismos que ajudem a gerar interesse pelo empreendedorismo.”
O ensino conta com palestras e workshops que preparam a parte comportamental e o interesse do aluno. Posteriormente, o estudante é auxiliado na parte prática e no desenvolvimento do projeto, como plano de negócios; viabilidade financeira, operacional e mercadológica etc. A incubadora também ajuda o empreendedor a obter recursos necessários para o desenvolvimento do empreendimento.
Mesmo com tanta importância no desenvolvimento das micro e pequenas empresas, Balian lamenta a falta de crédito às empresas incubadas: “O maiores entraves são os financiamentos. Praticamente não existem linhas de crédito para empresas nascentes no Brasil”. Por outro lado, o professor de economia acredita na percepção das universidades brasileiras pela importância de projetos como esse: “As universidades de ponta, tanto públicas quanto privadas, têm investido em incubadoras. Elas já percebem a demanda por jovens empreendedores e inovação tecnológica.”
As incubadas
Um estudo lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), apontou a existência de 2.640 empresas instaladas em 384 incubadoras no Brasil cujo faturamento anual está em torno de R$ 533 milhões. Ao todo, são 16.394 postos de trabalho. Os empreendimentos que já passaram por incubadoras somam 2.509 e geram atualmente 29.205 postos de trabalho. O faturamento das graduadas, como são chamadas, gira em torno de R$ 4,1 bilhões anuais.
O administrador de empresas Roberto Riccio, de 24 anos, é sócio e idealizador do Glio, uma rede social que agrega avaliações sobre estabelecimentos comerciais no Rio de Janeiro, incubada no Instituto Gênesis na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O Glio nasceu da percepção do jovem pela falta de informação sobre estabelecimentos locais: “Usar as informações de resenhas na Amazon.com (loja de varejo online americana) diminuía muito as chances de eu não gostar de determinada compra. Percebi que o mesmo conceito poderia apontar bons restaurantes, bares e lojas. Desta forma os consumidores realizam escolhas melhores e pequenos varejistas adquirem novos clientes”, afirma.
A oportunidade de incubação traz inúmeras vantagens para o sucesso do empreendimento, diz Roberto, que destaca o convívio com pessoal qualificado: “Certamente o fato de estarmos incubados nos ajudou a formar uma equipe de alto nível, já que das cinco pessoas da nossa equipe, quatro estudam ou estudaram na PUC. Além disso, estar em um ambiente propício e cercado de pessoas com os mesmos desafios é fundamental. Fundar e administrar uma startup é radicalmente diferente da experiência de um trabalho tradicional.”
Questionado sobre as dificuldades para o desenvolvimento das start-ups, Roberto é enfático: “A maior dificuldade no Brasil está em encontrar profissionais que possuam o perfil adequado para trabalhar em uma start-up. Existem poucos profissionais com o conhecimento técnico necessário no mercado, e que possuam espírito empreendedor, iniciativa e forte ética de trabalho”.
A exemplo de startups como o Instagram e o Yipit, Roberto acredita que uma equipe forte é a base do sucesso. Para ele, o segredo é “dar grande importância ao aspecto humano, que não pode ser ensinado, e em seguida desenvolver tecnicamente cada indivíduo”. O administrador conclui: “Assim conseguimos montar uma equipe técnica e ao mesmo tempo com forte cultura empreendedora”.
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