Adriana Diniz, Jornal do Brasil
RIO – A expectativa de aumento dos investimentos no setor industrial pode aliviar a pressão inflacionária e adiar a alta da Selic – taxa básica de juros, hoje em 8,75% – afirmam especialistas. A Sondagem de Investimentos da Indústria da Transformação, divulgada segunda-feira pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que a capacidade instalada deve avançar em uma média de 14,6% em 2010 – o maior percentual de crescimento dos últimos oito anos.
Para Claudio Considera, professor de economia da Universidade Federal Fluminense e economista do Instituto Millenium, os números da FGV acompanham o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) industrial no quarto trimestre de 2009, que cresceu 4% tanto em relação ao período anterior quanto a 2008, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
– Isso mostra que os investimentos vêm aumentando de forma contínua, o que pode fazer com que o Banco Central não tenha que aumentar a taxa básica de juros, tendo em vista que a indústria está acompanhando o aumento da demanda – ressalta Considera.
O maior avanço, de acordo com a pesquisa, é justamente no setor de bens de capital (aqueles que servem para a produção de outros bens, como máquinas, equipamentos, material de transporte e construção), que saltou de 9,9% – média da perspectiva de crescimento em janeiro de 2009 – para 15,4% – dado apurado em janeiro deste ano.
O setor de bens de consumo (itens destinados a satisfazer as necessidades humanas, como roupas, alimentos, brinquedos, eletroeletrônicos etc.) prevê a maior média de crescimento para 2010 e o melhor resultado dos últimos quatro anos: 16%. A indústria de bens intermediários (que são usados na produção de outros bens) espera avançar 13,8% este ano, a maior alta em cinco anos.
– A pesquisa deixa claro que não teremos pressões inflacionárias por conta de um desequilíbrio entre demanda e oferta – avalia o presidente da Confederação das Indústrias (CNI), Armando Monteiro Neto.
Segundo Neto, o uso da capacidade instalada nas indústrias está em 81%, podendo chegar a 84%, o que, segundo ele, é um nível alto, mas ainda seguro. “O importante é observarmos que a indústria está acompanhando esse crescimento de demanda”, destacou.
De acordo com 80% das 723 empresas consultadas, a demanda interna deve permanecer aquecida, o que colaborou para as perspectivas de maiores investimentos. Em 2009, apenas 51% das indústrias apostavam na demanda interna. A previsão de lucros maiores em 2010 também foi citada por 81% das companhias que pretendem investir mais.
As condições de financiamento foram apontadas por 42% das empresas como fator positivo na decisão de aumento de investimentos, o melhor resultado da série, de acordo com a FGV. As taxas de juros, que apesar da manutenção da Selic em 8,75%, ainda são muito altas no país, foram apontadas por 29% das indústrias como fator negativo na decisão de investir e por apenas 31% do mercado como positivo. Ainda assim, foi o melhor resultado dos últimos quatro anos.
Fonte: http://jbonline.terra.com.br/pextra/2010/03/22/e220318151.asp
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