A inflação calculada pelo Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) perdeu força em setembro, e ficou em 3,30%, abaixo da taxa de 3,87% do mês anterior, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (7) pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em 12 meses, a taxa alcançou 18,44% – a maior desde setembro de 2003, quando ficou em 20,13%.
A desaceleração na comparação mensal reflete a menor taxa do Índice de Preços ao Produtor (IPA-DI): a taxa, que responde por 60% do IGP-DI, ficou em 4,38% em setembro, após alcançar 5,44% em agosto.
O IGP-DI apura os preços mensais de todo o processo produtivo: matérias-primas agrícolas e industriais, produtos intermediários e bens e serviços finais e preços de construção.
Os outros dois componentes do IGP-DI, no entanto, aceleraram na mesma comparação: o Índice de Preços ao Consumidor (que corresponde a 30% do índice) passou de 0,53% para 0,82%, enquanto o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acelerou de 0,72% em agosto para 1,16% em setembro.
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“Apesar do recuo da taxa do IGP, o IPC e o INCC seguem em aceleração. Para o consumidor, o desafio persiste nas despesas com alimentação, cujos preços avançaram em média 1,81%. Para a construção civil, os preços de materiais, equipamentos e serviços, embalados pela desvalorização cambial, subiram 2,5%”, afirmou em nota André Braz, coordenador de índices de preços da FGV Ibre.
Entre os grupos
Dentro do IPA, o grupo que mais colaborou para a desaceleração foi o de Matérias-Primas Brutas, que subiu 6,77% em setembro, ante 10,55% no mês anterior, refletindo o arrefecimento nos preços de commodities como minério de ferro, café em grão e suínos.
Para o consumidor, a maior alta foi verificada no grupo Educação, Leitura e Recreação, de 3,19%, após marcar 0,05% em agosto. Já os custos com alimentação subiram 1,81% – chegando a uma alta de 10,25% em 12 meses.
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Já na construção, a alta veio dos preços dos materiais, que subiram 2,5%, uma vez que a mão de obra não teve variação.
Principais influências de alta
Nos preços ao consumidor:
Passagem aérea: 39,62%
Gasolina: 2,13%
Arroz: 15,37%
Óleo de soja: 29,08%
Leite tipo longa vida: 4,89%
Nos preços ao produtor:
Soja (em grão): 12,88%
Bovinos: 8,43%
Milho (em grão): 10,31%
Arroz (em grão): 33,06%
Leite in natura: 9,46%
Nos custos da construção:
Tubos e conexões de PVC: 12,85%
Tubos e conexões de ferro e aço: 8,40%
Vergalhões e aramos de aço ao carbono: 3,52%
Esquadrias de alumínio: 5,26%
Cimento portland comum: 3,64%
Fonte: “G1”, 07/10/2020
Foto: Reprodução