Após registrar em junho a primeira deflação em 11 anos, o Brasil voltou a registrar alta de preços, informou o IBGE nesta quarta-feira. Em julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,24%. No acumulado em 12 meses, ficou em 2,71%, ou seja, abaixo do piso da meta de inflação do governo, pela primeira vez desde 2007.
A taxa acumulada em 12 meses é a menor nesse tipo de comparação desde fevereiro de 1999, quando o IPCA acumulado ficou em 2,24%. Já no acumulado de janeiro a julho, o IPCA ficou em 1,43%, a menor taxa desde o início do Plano Real.
A meta, no entanto, é considerada neste caso apenas como referência para o comportamento dos preços, já que é contabilizada oficialmente apenas no ano fechado, ou seja, entre janeiro e dezembro de 2017. O objetivo do governo é que o índice oficial fique em 4,5% neste ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, encerro o ano entre um piso de 3% e um teto de 6%.
O resultado ficou acima da expectativa de analistas ouvidos pela Bloomberg, que previam um IPCA de 0,18% em julho e de 2,65% em 12 meses.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) registrou alta de 0,12% em julho e acumula, em 12 meses, alta de 2,08%. A taxa acumulada em 12 meses é usada para definir o reajuste salarial da maioria das categorias de trabalhadores. O INPC calcula a inflação sentida pelas famílias que recebem até cinco salários mínimos.
ENERGIA PUXA ALTA
A conta de luz mais cara foi a principal responsável pela alta do IPCA. No mês passado, a inflação da energia elétrica ficou em 6%, com impacto de 0,2 ponto percentual. Ou seja, não fosse esse resultado da energia, o índice teria ficado em apenas 0,04%. O resultado foi influenciado pela entrada da bandeira tarifária vermelha (em junho, era verde), que adicionou R$ 2 a cada 100 Kwh consumidos. Também pesou sobre o resultado o aumento do PIS/Cofins sobre o serviço e os reajustes em Curitiba (7,04%) e em São Paulo (5,15%).
Também pesou sobre o resultado a alta dos combustíveis, que ficaram 0,92% mais caros em julho, com destaque para a gasolina, que subiu 1,06%. O resultado, segundo o IBGE, já reflete o aumento da alíquota do PIS/Cofins sobre gasolina, etanol e diesel, anunciado em 20 de julho. Também no grupo de transportes, a alta média de 2,15% dos ônibus interestaduais também influenciou o resultado.
O comportamento dos preços dos alimentos ajudou a segurar a inflação no mês passado. A categoria teve deflação de 0,47%, com impacto negativo de 0,12 ponto percentual. Isto é, se a inflação de alimentos tivesse ficado zerada em julho, o IPCA bateria os 0,36%. A queda nos preços foi puxada, como tem sido observado nos meses passados, pelos alimentos consumidos em casa, que ficaram 0,81% mais baratos. A batata-inglesa recuou 22,73%, o leite longa vida, 3,22% e as frutas ficaram 2,35% mais baratas. Em contrapartida, o tomate (16,9%) e a cebola (11,7%) tiveram alta de preços em julho.
— A gente tem a safra boa neste ano, que ajuda esse número baixo da alimentação no domicílio. Também tem um componente de demanda. Temos uma desocupação (desemprego) grande, uma renda que não está evoluindo muito. Alimentação é uma coisa que todo mundo precisa, mas acaba comprando o que necessita prioritariamente, comprando uma marca mais barata, ajustando dessa forma — explica Fernando Gonçalves, coordenador de índice de preços do IBGE.
Considerando as 13 regiões pesquisadas pelo IBGE, a maior inflação de julho foi registrada em Curitiba, onde o índice chegou a 0,49% – justamente por causa do reajuste da energia elétrica. Campo Grande registrou a menor taxa, deflação de 0,24%. No Rio, houve deflação de 0,03%, inflação praticamente estável.
Apesar da taxa baixa no acumulado em 12 meses, o mercado espera que o IPCA volte a acelerar nos próximos meses. Segundo o boletim Focus mais recente, divulgado na segunda-feira pelo Banco Central, a mediana das projeções indica que o indicador encerre 2017 em 3,45% — ainda assim, dentro da meta estabelecida.
Em junho, o IPCA ficou negativo em 0,23%. Com o resultado de julho, o acumulado no ano acumula taxa de 1,43%, bem menos do que os 4,96% registrados em igual período do ano passado.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) registrou alta de 0,12% em julho e acumula, em 12 meses, alta de 2,08%. A taxa acumulada em 12 meses é usada para definir o reajuste salarial da maioria das categorias de trabalhadores. O INPC calcula a inflação sentida pelas famílias que recebem até cinco salários mínimos.
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