O governo lança nesta terça-feira um novo pacote de investimentos em infraestrutura, que inclui portos, rodovias, ferrovias e aeroportos, como parte de uma estratégia para tentar retomar o crescimento econômico, três anos depois de ter lançado o seu Programa de Investimentos em Logística (PIL). Mas um levantamento da consultoria de informações econômicas Pezco Microanalysis mostra que, desde 2011, ano anterior ao lançamento do PIL, os investimentos em infraestrutura como proporção do PIB (Produto Interno Bruto) estão em queda. E, este ano, devem recuar para 1,75% do PIB, patamar próximo do registrado em 2003, de 1,77% do PIB. O resultado é considerado insuficiente até mesmo para manter a atual infraestrutura existente no país.
No estudo, Frederico Turolla, sócio da Pezco, e Helcio Takeda, diretor de pesquisa econômica, consideraram os segmentos de telecomunicações, transportes, energia e saneamento. Petróleo e gás não foram incluídos no cálculo. O trabalho já levou em conta o pacote de concessões que o governo anuncia nesta terça-feira.
— O investimento em infraestrutura está muito deprimido. O pacote vem para provocar algum alento nos próximos anos, mas não deve mudar muito o nível de investimento em 2015, que, em valores absolutos, deve ficar em R$ 102,5 bilhões, o menor patamar em 12 anos — diz Frederico Turolla.
Empresas da Lava-Jato podem participar
Nas estimativas da Pezco, o pacote de concessões do governo deve abrir um horizonte de investimentos de R$ 100 bilhões até o ano de 2020. Desse total, apenas R$ 3 bilhões seriam investidos já neste ano, o que não altera a projeção da consultoria.
— Não consideramos fatores políticos, que podem mudar um pouco o pacote, elevando a projeção de investimento. Não consideramos a renovação da concessão de algumas ferrovias, que devem vencer em breve. Elas podem até ser incluídas no pacote, mas o efeito será marginal — diz Turolla.
Segundo ele, apenas para manter a infraestrutura atual do país, evitando sua depreciação, seria necessário um investimento de 2,1% do PIB ao ano.
—Não estamos conseguindo nem manter a infraestrutura atual e continuamos sem avançar — avalia Turolla.
Para a consultoria, três fatores estão inibindo o investimento em infraestrutura no país: as mudanças da política macroeconômica, microeconômica e a Operação Lava-Jato, que apura desvios de recursos nos contratos da Petrobras.
— As mudanças na macroeconomia tiraram a segurança para o investimento nesse segmento. Os juros vêm subindo nos últimos anos, até mais do que seria necessário num ambiente de economia estável, e elevam muito o custo de capital. A volatilidade cambial atrapalha. Essas mudanças macroeconômicas são mortais para alguns projetos de infraestrutura — diz Turolla.
Para 2016, porém, com o começo da reversão dos problemas no ambiente macroeconômico, a expectativa é que o investimento em infraestrutura suba a 1,92% do PIB. Apesar da perspectiva de mais investimento, o patamar ainda ficaria abaixo do necessário para manter a infraestrutura existente.
Fonte: O Globo
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