Pouco depois da aprovação pela Assembleia das Nações Unidas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4, que pretendia assegurar que todos os jovens concluíssem o ensino médio e aprendessem, o respeitado centro de pesquisas Brookings lançou uma iniciativa chamada “millions learning” (milhões aprendendo).
A ideia era estudar inovações em educação com potencial para ganhar escala e assegurar que a aprendizagem pudesse, de fato, acontecer, especialmente entre os mais pobres.
Acabaram selecionando 14 inovações que se destacaram por afetar positivamente a aprendizagem de muitos alunos e por ter o potencial de replicabilidade.
Entre elas, há uma experiência no estado do Amazonas: um centro de mídia irradia por satélite para escolas instaladas na floresta aulas dadas por professores da rede estadual, que dificilmente chegariam a localidades tão distantes.
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O sucesso da iniciativa está centrado em algumas ideias simples, como a de roteirizar o processo de ensino, junto com um professor especialista da própria rede, a de contar com um mestre generalista em cada escola, que faz a mediação com os alunos, e a de possibilitar a interação deles com o mestre instalado no centro de mídia em Manaus.
Com isso, alunos do ensino médio, muitos deles indígenas, podem contar com aulas de física e química — áreas em que há falta de professores—, mesmo estando em pontos de difícil acesso.
Outras inovações ocorrem no Brasil, muitas delas associadas a processos pedagógicos ativos que possibilitam maior engajamento dos alunos, contribuindo para um aprendizado aprofundado e formando o aluno de forma mais plena.
Algumas utilizam metodologias como a aprendizagem baseada em problemas ou projetos e aproximam a escola da comunidade, tentando educar não apenas para o mundo do trabalho como para o exercício da cidadania.
Mas como dar escala a essas práticas, garantindo que todos aprendam e que, como estabelece o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4, o aprendizado possa ser traduzido em resultados efetivos e relevantes?
Inovações em educação não podem afinal ser apenas coisas diferentes para quebrar um pouco a rotina. Elas têm que estar ligadas a habilidades a serem desenvolvidas.
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O segredo é criar políticas educacionais abertas à experimentação, investir numa melhor formação do professor que lhe possibilite planejar práticas para pôr o aluno num papel mais ativo na aprendizagem, avaliar sempre os resultados e criar uma cultura de colaboração nas escolas e dentro de redes de ensino, para que iniciativas promissoras ganhem escala.
Fonte: “Folha de S. Paulo”, 18/05/2018