*Por Mario Hime
Quando pensamos em inteligência artificial temos, no inconsciente coletivo, uma série de arquétipos que povoam nosso imaginário: robôs falantes, carros autônomos, indústrias automatizadas, assistentes virtuais, respostas automáticas e outras variantes. No mercado de trabalho, o contexto ganha ainda mais força se pensarmos nas inúmeras possibilidades que a IA traz para atuar em favor dos profissionais, ajudando a potencializar as habilidades humanas.
É nessa ramificação de cenários que a inteligência artificial vislumbra um modelo robusto e amadurecido, que já passou da fase de testes meramente exploratórios para entrar em outras esferas da sociedade. De acordo com um recente estudo da IBM sobre adoção de IA no Brasil, 40% dos profissionais de TI implantaram algum tipo de IA em seus negócios. Na América Latina, esse número ficou em 21%.
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Alguns fatores contribuíram para essa aceleração na adoção de IA no Brasil. A pandemia da covid-19 foi, certamente, o predominante, pois levou empresas de todos os setores a se reinventarem para atender às demandas do mercado e dos próprios cidadãos e consumidores. Para 37% das empresas brasileiras, a pandemia intensificou o foco no atendimento ao cliente, enquanto 35% automatizaram processos com o objetivo de otimizar a produtividade.
Os assistentes virtuais, seja voz ou texto, são um exemplo claro. Se antes a tecnologia era usada apenas para entender a linguagem humana e direcionar para respostas prontas, hoje ela pode entender o contexto de cada cliente e ser muito mais precisa nas respostas e eficaz na resolução de problemas.
E o que falta, então, para essa chave girar de vez?
Além da falta de mão de obra especializada e de questões estruturais, existe um processo de entendimento e amadurecimento da tecnologia pela sociedade. A inteligência artificial estará, potencialmente, vetorizada em absolutamente qualquer cenário nos próximos anos – dentro de nossas casas, no trabalho, nas viagens, nos sistemas de computação integrados.
Porém, para que essa realidade seja tangível, existe outro válido questionamento dos profissionais de TI: a explicabilidade, que nada mais é do que a capacidade de explicar como a IA chegou a uma determinada decisão. Em prol da transparência e da segurança, a preocupação é legítima, pois visa garantir que a IA atue de forma neutra, sem preconceitos e vieses, garantindo a integridade dos dados subjacentes para todos os usuários da tecnologia.
Nada menos que 94% dos especialistas em TI no Brasil relatam que ter uma IA confiável e explicável é fundamental para seus negócios. A tendência também se reflete nos consumidores: eles são muito mais propensos a optar por um serviço que preze por transparência e ética na construção da IA. Uma inteligência artificial confiável significa ter uma abordagem holística para a governança da IA que reúna ferramentas, soluções, práticas e pessoas para governá-la de maneira responsável em todo o seu ciclo de vida.
Diante de tantos fluxos de trabalho e de um objetivo em comum do planeta – a otimização de tempo, em última instância –, o uso de IA já é imperativo. Os desafios a serem enfrentados, tanto estruturais quanto culturais, não dependem apenas da tecnologia implementada, mas também da movimentação da sociedade em aprofundar os conhecimentos sobre o tema.
Acredito que caminhamos para um momento no qual os assistentes virtuais serão cada vez mais presentes no dia a dia dos indivíduos, aprendendo com eles e os ajudando a realizar seu trabalho, tanto pessoal quanto profissional. Humanos e máquinas atuando juntos, com a IA colaborando na realização de tarefas, sempre de forma transparente e ética, potencializando nossas habilidades para que possamos utilizar nosso tão precioso tempo com tarefas cada vez mais complexas e que trarão benefícios para nós, como pessoas, e para toda a sociedade.
*Mario Hime é Executivo Líder de Business Transformation Services da IBM Brasil
Fonte: “Época Negócios”, 07/07/2021
Foto: Pexels