Se por um lado o empreendedor brasileiro observa com muita atenção o futuro dos programas públicos de suporte às startups, encarados como uma oportunidade para levantar dinheiro e ganhar expertise para retirar os projetos da prancheta, por outro, o cenário de investimento de capital de risco externo, responsável por 55% dos aportes realizados na área, também está em xeque para os próximos meses.
O pessimismo em relação ao crescimento da economia nacional pode espantar a entrada de capital estrangeiro novo para investimento em startups no país. Apesar de o dinheiro de investidores de outros países ter representado 55% dos R$ 36,8 bilhões disponíveis para captação em 2014, segundo a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCap), a tendência é que esse montante apresente uma curva decrescente neste ano.
“É inegável que não temos soltado boas notícias ao mundo”, pontua Humberto Matsuda, conselheiro da ABVCap. “Os investidores estrangeiros que já conhecem o Brasil dificilmente vão se intimidar pelo cenário, mas não é um momento confortável para a entrada de novos capitais”.
Realidade
A e.Bricks, uma companhia de desenvolvimento de negócios no setor digital, por exemplo, tem ‘apertado’ o critério na escolha das startups investidas. A tática é em decorrência da fuga do capital estrangeiro. “Há uma dificuldade em estabelecer rodadas consecutivas de investimentos, existe uma cautela do investidor”, explica Pedro Malzer, gestor do fundo de investimento.
“Eu costumava receber umas seis ligações por semana de investidores estrangeiros querendo saber mais sobre o mercado brasileiro. Nos últimos meses, ninguém me procurou”, diz Cássio Spina, da Anjos do Brasil.
Apesar do momento de incertezas, o sócio-fundador da gestora de investimentos Invest Tech, Miguel Perrotti, se mantém otimista. Atualmente, a empresa trabalha com um fundo de R$ 75 milhões direcionado para empresas com faturamento de até R$ 2,5 milhões ao ano. “Há oportunidades de mercado que só o Brasil consegue criar. Temos mais que o dobro de usuários de celular do que a Espanha. Mobilidade e telefonia são nichos que tendem a crescer.
Fonte: O Estado de S.Paulo.
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